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A Forja 92

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TEMAS TRATADOS NESTA EDIÇÃO

Técnica de material – Montagem do toldo da VBE PC M577 A2

Operação anfíbia da viatura blindada Guarani

O binômio questionável: sistemas elétricos ou hidráulicos nas torres das viaturas blindadas?

 

Técnica de material – montagem do toldo da VBE PC M577 A2
Cap Vinícius Ziem – Instrutor do CI Bld

 

As Viaturas Blindadas Especiais Posto de Comando (VBE PC) M577 A2 fazem parte da família de blindados da série M113 e têm por finalidade ampliar a capacidade de comando e controle das tropas blindadas. Os M577 A2 foram recebidos pelo Exército Brasileiro (EB) por intermédio do programa Foreign Military Sales (FMS), do Exército dos Estados Unidos da América (US Army), que disponibiliza materiais de emprego militar excedentes das forças armadas norte-americanas, a partir do ano de 2016.

Essas viaturas anfíbias são equipadas com motor Detroit Diesel 6V53, com 212 HP, e possuem, além do sistema de comunicações, um sistema elétrico com gerador de energia embarcado e um toldo que possibilita a instalação do Posto de Comando (PC) de maneira rápida e flexível. A montagem do toldo é bastante simples e intuitiva no entanto, é conveniente que sejam seguidos os procedimentos padronizados nos manuais técnicos da VBE PC M577 A2, que ainda carecem de tradução, para que os Materiais de Emprego Militar (MEM) tenham seu ciclo de vida prolongado.

A seguir, visando a padronização da montagem do toldo da VBE PC M577 A2, serão apresentados pontos importantes e que merecem destaque nessa peculiar atividade militar.

a. Identificação dos componentes

 

Figura 1: Componentes da VBE PC M577 A2
 

 

Figura 2: Componentes da VBE PC M577 A2 - estrutura
 

b. Montagem do toldo

1) Junte as estacas sobre o solo e encaixe-as montando a estrutura previamente;

2) Monte a haste do beiral por último (figura 2);

3) Atravesse o pino de fixação entre as hastes da tesoura e as hastes da cumeeira (figura 3);

4) Conecte a estrutura na base de fixação da VBE PC M577 A2 (figuras 4 e 5);

 

Figura 3: Pino de fixação da estrutura
 

 

Figura 4: Fixação da estrutura na VBE
 

 

Figura 5: Encaixe da estrutura na VBE
 

5) Fixe o toldo na chapa metálica de fixação superior da VBE, desenrole o toldo sobre as estrutura e desdobre as laterais e a porta (Figura 6 e 7);

 

Figura 6: Após fixar o toldo na parte superior daVBE, desenrolá-lo sobre a estrutura
 

 

Figura 7: Toldo aberto sobre a estrutura metálica
 

6) Levante a retaguarda da estrutura e conecte suas duas pernas da estrutura ao mesmo tempo (figura 8);

 

Figura 8: Encaixe das pernas da estrutura
 

7) Afrouxe três borboletas da chapa metálica de fixação de cada lado (figura 9);

8) Fixe a lona, passando-a pela abertura entre a chapa metálica e o chassi da VBE; após, atarraxar novamente as borboletas (figura 9 e 10);

Figura 9: Borboletas de fixação da chapa metálica
 
Figura 10: Fixação da lona na chapa metálica
 

9) Levante e trave a rampa;

10) Fixe a lona por baixo da viatura, fixando os tirantes da lona nos pontos de ancoragem da VBE (figura 11 e 12);

Figura 11: Fixação da lona na parte inferior da VBE
 
Figura 12: Detalhe dos pontos de amarração
 

11) Fixe as estacas da lona nos ilhoses;

 

Figura 13: Ilhoses de fixação da lona
 

12) Para fixar as estacas, dobre a aba inferior das portas e laterais para dentro - se a situação tática exigir, as abas poderão ser enterradas, mantendo a disciplina de luzes;

13) Fixe 8 (oito) estacas para os esticadores (figura 14);

14) Fixe e ajuste os esticadores;

Figura 14: Fixação das estacas para os esticadores
 
Figura 15: Amarração da lona do toldo nas pernas da estrutura
 

15) Fixe a lona de vedação do toldo no topo e nas laterais da VBE (figura 16);

16) Destrave e abaixe a rampa;

17) Instale os fios elétricos (de acordo com a estrutura planejada para o PC);

18) Conecte os fios à tomada da VBE;

19) Prenda as tiras de fixação da lona na junção das hastes do beiral e da cumeeira;

20) Para desmontagem, deverá ser adotado o procedimento inverso ao da montagem.

Figura 16: Fixação da lona de vedação na VBE (presente apenas no toldo modelo US Army)
 
Figura 17: Instalação das tiras de fixação da lona
 

 

Conclusão

A montagem e a desmontagem do toldo da VBE PC M577 A2 pode ser inserida nas atividades de instrução da OM, a fim de proporcionar o correto manejo do MEM e prolongar sua vida útil. Além disso, a confiança na montagem do PC possibilita o estabelecimento eficaz das estruturas de comando e controle disponíveis na Unidade.

 

 

Travessia de curso d’agua com a VBTP GUARANI
1º Sgt Jairo Linck – Monitor do CI Bld

 

A VBTP Guarani (Viatura Blindada de Transporte de Pessoal) é um veículo blindado com capacidade anfíbia, de tecnologia e fabricação nacionais que, atualmente, mobilia as unidades mecanizadas do Exército Brasileiro (EB).

De uso exclusivo das Forças Armadas, o blindado Guarani é dotado de tração 6x6, capacidade para transportar até 11 pessoas e poder de fogo variável, podendo alcançar velocidades de 100 km/h em estradas e 9 km/h na água. Pode, ainda, ser dotado de um canhão de calibre 30 mm ou de metralhadoras .50 pol/ 7,62 mm.

A seguir, visando a contribuir para o aprimoramento das práticas de navegação anfíbia da VBTP Guarani, serão apresentados alguns pontos importantes que merecem destaque na execução dessa importante atividade militar. Isso contribuirá com as Organizações Militares que empregam esse meio blindado e com o grau de segurança necessário para o desenvolvimento desse tipo de operação.

As atividades de navegação da VBTP Guarani, incluindo suas características e peculiaridades, estão descritas no Manual Técnico Viatura Blindada de Transporte de Pessoal – Guarani (VBTP 6X6 – MSR) 12ª Parte (Descrição e Operação – Fev 21) e na Lista de Procedimento EB70-MT-11.406 – Ed 2020.

 

Figura 1: VBTP Guarani durante travessia de curso d’água em Santa Maria-RS
 

1. Peso da Viatura Blindada Guarani

O peso da viatura e de sua carga embarcada (tropa + armamento + equipamento) deve ser considerado por ocasião do planejamento da travessia de um curso d’água, uma vez que a VBTP Guarani conserva sua capacidade anfíbia com um peso admissível de até 17,7 toneladas sem a necessidade do uso de flutuadores. Em relação à viatura dotada de UT30 BR, essa capacidade é extrapolada apenas com o peso da viatura em si (tabela 1).

VIATURA Guarani Platt Guarani Remax Guarani UT30 BR
PESO 16 t 16,3 t 18 t
NAVEGAÇÃO Sim Sim Sim (*)

 

Tabela 1: Pesos da VBTP Guarani nas suas diferentes configurações
(*) há necessidade de instalação dos flutuadores

 

2. Preparação e planejamento

Antes da execução de manobras aquáticas, alguns aspectos necessitam de atenção especial por parte de seus operadores. Esses aspectos são preconizados passo a passo na Lista de Procedimentos EB70-MT-11.406 - Edição Experimental 2020.

Considerando-se que a VBTP Guarani pode navegar em rios, lagos e canais, a correta avaliação desses meios deve ser realizada anteriormente à sua transposição. A viatura tem capacidade de superar correntezas de até 6 Km/h, ou 1,5 m/s. Além disso, os seguintes pontos merecem considerações específicas:

a. verificação das condições das guarnições de borracha das aberturas e das escotilhas - o emprego contínuo da viatura sem adequada manutenção nessas partes pode ocasionar o ressecamento e o aparecimento de fissuras, o que permite infiltração de água;

b. teste de estanqueidade da VBTP deve ser realizado sempre - essa atividade deve ser feita após as inspeções iniciais e consiste na imersão da viatura, mantendo-se o contato com o solo, o que possibilita a verificação de vazamentos no compartimento de combate e a localização de alguma falha ou dano imperceptível em terra;

c. realização de teste das bombas de porão (pode ser manual ou automático - o perfeito conhecimento de seu emprego deve ser verificado, principalmente por motoristas e operadores menos experientes);

d. verificações constantes devem ser realizadas acerca do acionamento de propulsores, do correto funcionamento do sensor do quebra-ondas e do fechamento dos drenos, das escotilhas de acesso ao motor e de suas válvulas de ventilação;

e. familiarização total com a tela de navegação (figura 2), com os avisos sonoros e com as mensagens nos painéis primário e secundário - por não ser uma operação rotineira, a navegação normalmente requer revisão e releitura dos procedimentos, mesmo por motoristas mais experientes;

f. observação de coifas eventualmente furadas ou rasgadas – a contaminação do óleo dos semieixos pode trazer sérios danos à transmissão de força das rodas;

g. verificação de desgaste ou ressecamento nos retentores que vedam a inserção dos braços da direção;

h. inspeção de possível existência de entupimento nas bombas de porão (figura 3);

i. revisão das fitas de segurança e reboque, que devem estar presas às anilhas dianteiras da viatura e soltas sobre sua parte superior, o que permite sua fácil utilização em caso de emergência.

Além desses importantes itens, os operadores da VB Guarani, diante de qualquer terreno inundado que ultrapasse o vão livre da viatura (43 cm), devem realizar a pressurização dos grupos mecânicos, sob pena de contaminação de óleos e lubrificantes, possibilitando a ocorrência de graves danos à transmissão do blindado. Isso se aplica à circulação sobre charcos, áreas alagadiças e quaisquer outros terrenos pantanosos, não necessariamente rios ou lagos, apenas.

Figura 2: Tela de navegação da VB Guarani
 
Figura 3: Bombas de porão (compartimento da tropa e do motor)
 

 

3. Abordagem das margens

A VBTP Guarani possui de 26° de ângulo máximo de rampa de entrada e saída. Diferente do que ocorre com uma viatura sobre lagartas, como a VBTP M113, o Guarani necessita de uma adequada avaliação das margens que serão abordadas durante uma transposição aquática. Essas deverão ser previamente reconhecidas e preparadas para um acesso seguro.

Margens muito íngremes não permitem o acesso ou dificultam sobremaneira a saída da viatura da água, ocasionando atolamentos desnecessários. Preferencialmente, deve-se buscar áreas de pequena inclinação e com extensão adequada, para permitir o gradual contato dos trens de rolamento com o solo tanto no ingresso como na saída da água (figura 4).

A composição do solo (terra, areia, lama) também deve ser analisada. Locais com rochas salientes podem danificar pneus e a suspensão da viatura. A presença de bancos de areia ou de elevações argilosas, presentes no leito da massa de água, também pode prejudicar a abordagem dos acessos.

Outro ponto de relevância consiste na velocidade de abordagem das margens. Velocidades muito elevadas, principalmente na entrada da viatura na água, causam risco de tombamento devido às irregularidades do terreno, bem como afundamentos pelo ingresso de água pelas escotilhas superiores. Esse procedimento deve ser realizado gradualmente, sem comprometer a segurança da tropa embarcada e do material.

 

Figura 4: Abordagem da margem (saída da água VB Guarani)
 

 

4. Propulsão e direção

A VBTP Guarani dispõe de um sistema de propulsão e de direção através da variação da velocidade de rotação de duas hélices instaladas na traseira da viatura (figura 5). Em outras palavras, não há leme, mas sim uma compensação no funcionamento dos propulsores.

Na condução da VB Guarani na água, atenção especial deve ser dispensada no emprego do manete duplo localizado no compartimento do motorista (figura 6). Por ser um equipamento simples, seu manuseio deve ser realizado com cuidado, de forma que a viatura navegue e se desloque sobre a água de maneira contínua, uma vez que a borda livre diminui com o aumento da velocidade.

A velocidade máxima que a viatura alcança na água é de 9 Km/h. Porém, para impedir que o movimento da água durante o deslocamento ultrapasse a margem de segurança e estravaze o quebra-ondas, um ponto de referência deve ser marcado junto a esse equipamento da viatura, possibilitando fácil visualização e controle. Isso pode ser realizado com as próprias fitas de segurança presas à parte dianteira, que são colocadas sobre o vão do motor (figura 7).

Figura 5: Hélices do sistema de propulsão da VB Guarani
 
Figura 6: Manetes de navegação
 

 

Figura 7: Fitas de segurança empregadas na navegação da VB Guarani
 

Já durante a realização de curvas, essas devem ser, preferencialmente, de grande raio, permitindo maior estabilização da viatura durante a manobra aquática. Curvas de pequeno raio devem ser evitadas, principalmente para o lado direito do blindado (o peso do conjunto de força recai para esse lado), com velocidades mais elevadas e logo após a entrada na água, uma vez que o empuxo sobre o blindado ainda é menor.

 

5. Segurança da operação

Como aspecto mais relevante dessa operação em comento, a segurança deve ser sempre salientada e ter os seguintes pontos observados:

QUESITO OBSERVAÇÃO
Apoios Em atividades de instrução, deve-se, sempre, contar com o apoio de embarcação com motor para rápido suporte, além de ambulância com equipe de atendimento pré-hospitalar.
Coletes salva-vidas Esses meios de flutuação devem ser utilizados por todos os militares embarcados na viatura, em instrução ou em combate
Treinamentos aquáticos Devem ser previstos treinamentos de abandono do blindado em caso de submersão, treinamentos de natação, de mergulho e de apneia (se possível) e identificar os elementos da guarnição que porventura não saibam nadar.
Armamento É recomendável ancorar o armamento portátil e coletivo no interior da VBTP, bem como outros equipamentos que possam se desprender facilmente.
Bomba de porão manual Esse dispositivo deve ser identificado e deve-se treinar sua utilização por todos os elementos do compartimento da tropa (figura 8).

 

Figura 8: Bomba de porão manual do compartimento da tropa
 

 

Conclusão

O deslocamento anfíbio com a VB Guarani possui muitos detalhes a serem revisados e explorados. Essa matéria não visa a esgotar o assunto, mas sim trazer uma visão ampla da experiência dos instrutores do Centro de Instrução de Blindados sobre os pontos mais relevantes dessa delicada atividade. É de suma importância que esse afazer seja realizado por pessoal habilitado e esteja em consonância com os procedimentos descritos no Manual Técnico EB70-MT-11.406.

 

 

O binômio questionável: sistemas elétricos ou hidráulicos nas torres das viaturas blindadas?
2º Sgt QMB 2º Sgt QMB Balbinot – Monitor do CI Bld

Os atuadores são peças essenciais para realizar, controlar e facilitar praticamente todos os movimentos necessários de uma torre de viatura blindada ˗ eles consistem em dispositivos mecânicos que convertem energia em movimento. Isso envolve um comando que sinaliza uma mudança em um sistema que gera força para executar uma tarefa. O sinal de comando pode ser operado através do punho do atirador/comandante ou controlado automaticamente pelos sistemas de cálculos de tiro, estabilização e/ou de segurança.

A principal função dos atuadores é controlar e permitir que as peças se movam quando exigidas. Esse movimento pode ser qualquer operação, como: elevação, fixação, carregamento, bloqueio, giro, ejeção, entre outras, tornando-se peça-chave no funcionamento de um armamento. Isso se dá, por exemplo, no ciclo do canhão M44 chain gun, presente na torre não tripulada UT-30BR, realizado através de um atuador elétrico.

 

Figura 1: Ciclo elétrico do MK44, da UT-30BR
Fonte: arquivo pessoal
 

Também se pode observar algo semelhante no carregamento automático da VBC OAP M109, que, através de um cilindro hidráulico, conduz-se a munição até o engrazamento nas raias do tubo. Esse processo se dá, ainda, no clássico atuador de dupla ação que realiza a elevação e depressão do tubo das VBC CC Leopard 1A5BR.

Os tipos de atuadores são caracterizados pela forma de energia que é empregada para ser transformada em movimento. A energia potencial é resultante de fluidos comprimidos ou eletricidade, que, convertida em energia cinética, realiza movimento e trabalho.

Aqueles atuadores que são hidráulicos que operam com a pressão de óleo hidráulico comprimido controlam o movimento através da quantidade de fluido em seu interior. Sua adição aumenta a pressão, enquanto sua redução diminui a força disponibilizada ao sistema. Esses atuadores são ideais para aplicações que precisam de potência mais significativa, por isso são tão comuns nos diversos sistemas encontrados nas torres de veículos blindados, especialmente em calibres mais elevados.

Já a função de um atuador elétrico é gerar energia cinética a partir da entrada de eletricidade. Como a fonte de energia, com a viatura ligada, é consistente e contínua, esse tipo de atuador é ideal para trabalhos de alta precisão. Nesse ponto, começam os questionamentos: qual atuador é o mais indicado para o combate? Qual apresenta maior confiabilidade? Qual tem mais complexidade de manutenção? E a disponibilidade de peças de reposição? Essas e outras perquirições somente o campo de batalha consegue atestar.

Os sistemas hidráulicos são populares conversores de energia no armamento pesado, devido à facilidade no manuseio de carga, sistemas de giro e elevação e trabalhos gerais onde a força bruta impera. Como a compressão do óleo é reduzida, eles transferem, facilmente, grandes quantidades de energia por volume.

Como exemplo, cita-se as pressões hidráulicas utilizadas para controle do movimento de giro nas torres da nossa VBC OAP M109, de 900 psi (62 bar aproximadamente), e da VBC CC Leopard 1A5BR, de 1.160 psi (80 bar aproximadamente), sendo que atuadores hidráulicos grandes podem exceder 10.000 psi para aplicações especializadas.

Acima, as principais vantagens trazidas são a força, pois tem-se alta relação peso/potência e os equipamentos são extremamente robustos. Assim, eles produzem grande quantidade de energia para seu tamanho, podendo ser independentes e portáteis sem a necessidade de um sistema de suporte pesado e complicado.

Entretanto, levantam-se problemas relacionados à segurança: o fluido hidráulico comumente utilizado nesses sistemas, denominado MIL PRF 6083F, mesmo não sendo inflamável, pode causar queimaduras no caso de um acidente resultante de ação inimiga, se estiver sob altas temperaturas. Esses sistemas podem ser relativamente caros, requerem manutenção e, ainda, geram preocupação quanto à sua vedação e possível contaminação.

Entretanto, os atuadores elétricos evoluíram muito em um curto espaço de tempo. Historicamente, foram considerados fracos, pouco confiáveis e aplicáveis apenas a serviços muito leves; porém, com o avanço das tecnologias, podemos considerar isso tudo como inverdades, atualmente. Esses sistemas funcionam através de corrente contínua, que energiza um motor elétrico convertendo-a em torque.

Obviamente, componentes mecânicos como parafusos de avanço e engrenagens são fundamentais para a implementação desse tipo de sistema.

 

Figura 2: Grupo de potência do M109, exemplo de relação peso x potência hidráulica
Fonte: Arquivo pessoal
 

 

Podemos elencar as três principais vantagens desses atuadores:

1) A velocidade, já que são acionados diretamente, permitindo ótimos tempos de resposta, demanda bastante comum na busca e engajamento de alvos;

2) A precisão, já que atuadores hidráulicos têm tolerâncias de folga, em comparação;

3) A segurança, pois trata-se de uma forma de energia limpa, reduzindo os riscos da guarnição com um potencial vazamento.

Já seus principais entraves são a alta complexidade, o custo elevado e a limitação de esforço que conseguem realizar.

 

Figura 3: slip ring da UT30-BR exemplo de atuador elétrico em viaturas blindados
Fonte: Arquivo pessoal

 

Saber qual melhor sistema para aplicação depende do ambiente inserido. Exemplo de carros de combate modernos, no estado da arte, com sistemas de atuadores elétricos confiáveis já são maioria. Porém, ao trazê-los para o tubo M284 presente nas VBC OAP M109 A5, A5+BR e A6 (diferentes versões de obuseiro autopropulsado), que pesa 1.436 kg, ainda se trata de um grande desafio.

Como a corrida entre blindagem e munição nunca termina, bem como a evolução tecnológica, teremos sempre que levantar questionamentos: não sabemos se os calibres 120, 125 e 140 mm se tornarão obsoletos ou se novos reparos ainda mais pesados serão desenvolvidos. Para não terminar com um parecer inconclusivo, a confiabilidade sobrepõe os demais quesitos, independente do sistema, é mais confiável o que é melhor manutenido. Graxa!

 

Fontes:

- EUA. Army. Direct Support Maintenance Manual For Chain Gun #,30 mm x 173 mm MK44 Closed Bolt Sear. (TM 465-3000-CB-30).
 - ___. ___. Operator’s Manual: Howitzer, Medium, Self-Propelled: 155MM,M109A2/M109A3/M109A4/M109A5 (TM 9-2350-311-10), Washington, D.C., 2008;
 - ___. ___. Unit Maintenance Manual for Cab, Armament, Sighting and Fire Control, Elevating and Traversing Systems and Associated Components Howitzer, Medium, Self-Propelled 155mm M109A2, M109A3, M109A4, M109A5. (TM 9-2350-311-20-2),
Army Publishing Directorate, 1993.;
- ___. ___. Operator’s Manual: Howitzer, Medium, Self-Propelled: 155MM, M109A6. (TM 9-2350-314-10), Army Publishing Directorate, 2014.
 - Guia do usuário Torre não tripulada 30mm (UT30BR), Elbit Systems Ltd, 2020.

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