O Sistema C² da Viatura Blindada de Transporte de Pessoal MR 6x6 Guarani
O Sistema C² da Viatura Blindada de Transporte de Pessoal MR 6x6 Guarani
O Sistema de comando e controle da VBTP MR 6X6 Guarani permite ao operador e ao seu comandante sofisticada tecnologia, segurança e eficiência, nas diversas operações a serem empregadas, virtudes essas indispensáveis no campo de batalha moderno.
O sistema é composto pelo Equipamento rádio Falcon III, o CTM (Computador Tático Militar), o software GCB (Gerenciamento do Campo de Batalha) e o sistema Sotas Intercom. Seu sistema de comando e controle permite a aplicação do conceito de “Consciência Situacional” e empregará o software de gerenciamento do campo de batalha com interface do Sistema C² em Combate, comunicação externa sem fio, estrutura para tráfego de voz, dados e imagens, além de ser totalmente integrado à estrutura eletrônica da viatura e do sistema de armas. O Sistema de C² possibilita aplicar a consciência situacional do campo de batalha a todas as fases da operação militar.
O intercomunicador SOTAS, da fabricante THALES, é o sistema que foi definido como padrão para as viaturas blindadas do Exército Brasileiro. Uma das razões dessa escolha foi o fato de esse sistema já ser utilizado em mais de 48 tipos de viaturas militares, dentre elas os blindados ABRAMS, M109, BRADLEY, PIRANHA, M113 e LECLERC, dispersos em 28 países, com mais de 18 mil unidades já instaladas.
No EB o sistema já está instalado nas Viaturas Blindadas M113, Urutu, Guarani e, a partir do corrente ano, será instalado também nos M109A5+BR. O SOTAS foi desenvolvido inicialmente com a finalidade de funcionar como intercomunicador dentro de viaturas, blindadas ou não, permitindo a conexão em tempo real entre o chefe da viatura, o motorista, o atirador e os demais membros da tripulação.
No dia a dia, não sentimos a necessidade de emprego deste tipo de equipamento. Porém, quando tratamos de viaturas que produzem grande quantidade de ruído, uma falha na comunicação pode resultar em fratricídio, tornando este sistema essencial. Com a natural evolução tecnológica, o SOTAS foi sendo aprimorado, incorporando as novas tecnologias disponibilizadas.
Hoje, a intercomunicação não se restringe somente ao carro de combate, mas também a interconexão entre os mais diversos equipamentos rádio existentes no mercado, funcionando também como integrador, bem como proporcionando interfaces de rede, como switch e roteador, o que permite que quaisquer dispositivos que funcionem com protocolos TCP-IP possam ser adicionados ao sistema. É possível, ainda, incorporar telefonia VOIP e telefonia oriunda dos mais diversos modelos de PABX, bem como um sistema avançado de redutor de ruído, isolando o operador dos barulhos existentes no interior da viatura e reduzindo a interferência externa sofrida pelo microfone do operador, separando a voz humana das demais interferências.
Esta flexibilidade permite, por exemplo, que três viaturas blindadas, de diferentes modelos, como M113, Urutu e Guarani, utilizem o mesmo sistema tanto para realizar a intercomunicação de suas guarnições (interna), quanto para a conexão entre esses carros, utilizando rádios de diferentes fabricantes (externa), além de permitir a conexão de dispositivos que utilizam protocolos TCP-IP, como computadores e sensores.
Outro fator primordial é a simplicidade e a flexibilidade do sistema. Apesar da aparente complexidade inerente a qualquer sistema que funcione também como integrador, a interface de comunicação com o usuário é extremamente simples.
A flexibilidade do sistema pode ser descrita como um dos brinquedos mais populares do mundo, os blocos de montagem “LEGO”. É possível acrescentar camadas conforme a necessidade de qualquer Exército, exatamente como os blocos de montagem. Sua modularidade permite, por exemplo, que a um sistema projetado apenas como intercomunicador interno, seja acrescentada outra camada, permitindo acrescentar uma camada para mais rádios, para switch, para roteadores, etc.
O Computador Tático Militar (CTM) com sua primeira versão feita de forma personalizada para o Exército Brasileiro (EB), atende aos exigentes requisitos militares do EB e da OTAN. Sua função é ser um terminal de Comando e Controle (C²) capaz de administrar a comunicação de dados entre os diversos sistemas de veículo blindado, suas tripulações e as equipes que estão em campo e, ainda, se interligar por meio de rádios a Centros de C² de outros escalões de comando. O CTM equipa a Nova Família de Veículos Blindados de Rodas Guarani, modernizando a forma de comunicação, cumprindo a função de terminal de comando e controle. Foi a primeira vez que um blindado brasileiro recebeu esse tipo de equipamento e também a primeira que ele é produzido no País. Suas características mais marcantes são a resistência de seus componentes e a robustez do gabinete, uma peça formada a partir da usinagem de um bloco maciço de alumínio.
Toda Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) do CTM foram realizados pelo setor de Engenharia da Geocontrol em parceria com o CI Bld e os engenheiros militares do EB. Ao todo, foram seis meses de estudos e trabalho. A produção do equipamento no Brasil fortalece a indústria nacional de Defesa, o que atende o previsto na Estratégia Nacional de Defesa (END). Além disso, o Guarani é um dos projetos prioritários das Forças Armadas Brasileiras destacados no Plano de Articulação e Equipamento de Defesa (PAED) e END.
O Gerenciador do Campo de Batalha (GCB), foi criado pelo Centro de Desenvolvimento de Sistemas (CDS), Brasília-DF. O sistema foi concebido para atender as necessidades de comando e controle até o nível subunidade. O GCB é um sistema de Comando e Controle (C²) desenvolvido para integrar o sistema de (C²) da viatura Guarani. Dessa maneira, esse sistema interage com diversos componentes do blindado.
Podemos constatar, portanto, que o sistema C² da viatura Guarani que dotará as Brigadas Mecanizadas do EB, é um sistema moderno e sofisticado, com capacidade de atender todas as demandas necessárias para o bom emprego e exploração dos meios de comunicações disponíveis em nosso EB. Fator este primordial para o desenvolvimento de um exército forte.
Renan Reis Siqueira – 3° Sgt
Monitor do CI Bld
Carlos Alexandre Geovanini dos Santos – Ten Cel
Comandante do CI Bld