LIÇÕES APRENDIDAS COM A VIATURA BLINDADA DE TRANSPORTE DE PESSOAL M1126 ICV STRYKER
Cap Saucha - CI Bld
Batizado inicialmente de Interim Armored Vehicle (IAV), a viatura Stryker foi concebida no contexto maior das transformações e demandas vislumbradas pelo alto comando do Exército dos Estados Unidos da América (EUA) no final dos anos 90. O projeto Objective Force, criado em 1999 pelo então chefe do Estado Maior do Exército dos EUA, visava a estabelecer os novos objetivos para a força. O documento intitulado Bridging the Capabilities Gap - Stryker Brigade Combat Teams (Superando a Ausência de Capacidades - Equipes de Combate Brigada Stryker) destaca a necessidade de criação de uma tropa intermediária entre os pesados e letais blindados das Heavy Brigades (Brigadas Pesadas) e a rapidez de desdobramento e emprego das tropas leves.
A partir de 2002, e em parceria com a canadense General Dynamics, o Stryker passou a ser produzido em escala industrial, respondendo à demanda de criação da primeira Brigada Stryker, sediada em Washington DC. Seu batismo de fogo ocorreu em 2003, sendo empregado estrategicamente pelo Exército na chamada Segunda Guerra do Golfo. O volume de informações contido nos relatórios das diversas missões possibilitou uma longa sequência de transformações e aperfeiçoamentos relevantes, que seguem acontecendo até os dias atuais.
Com traços que o aproximam muito do já bastante difundido PIRANHA III 8X8 (MOWAG), o STRYKER M 1126 ICV (versão para transporte de pessoal da família Stryker) usa um motor CATERPILLAR 3126 de 354 cv. Sua transmissão é automática com seis velocidades à frente e uma à ré e consiste no modelo ALLISON MD3066P. Todo o conjunto de força, isto é, motorização e transmissão, são fabricados por empresas com sede em território norte americano.
O M 1126 Infantry Carrier Vehicle (Veículo de Transporte de Infantaria) tem capacidade para transportar um total de 11 (onze) homens, sendo um grupo de combate (GC) de infantaria a nove homens, mais um motorista e um comandante (Cmt) de carro que acumula a função de operador do Sistema de Armas Remotamente Controlado (SARC). Sua blindagem é de aço homogêneo com spall liner e oferece proteção contra munição calibre 7,62 mm comum.
Com a opção de blindagem adicional (add-on) instalada, essa proteção passa a ser contra calibres de até 14,5mm. Com exceção do peso, as medidas do Stryker M1126 diferem pouco das do Guarani em sua versão com SARC REMAX. Comparativamente, o M1126 tem comprimento de 7,25 m, largura de 2,84 m e altura de 3,16 m, enquanto o Guarani, na versão REMAX, aparece com 7,10 m de comprimento, 2,77 m de largura e 3,33 m de altura.
Figura 1: STRYKER M 1126 ICV
Em se tratando do peso, entretanto, a distância entre as duas viaturas passa a ser maior, já que, sem adição de kits de proteção, o peso do M1126 pronto para o combate é de, aproximadamente, 18,5 toneladas contra 16,5 toneladas do Guarani REMAX.
Com adição de kit de proteção contra dispositivos explosivos improvisados (IED), blindagem tipo gaiola (SLAT) e blindagem reativa, o peso pode chegar próximo das 22,8 toneladas. À semelhança da VBTP-MR Guarani, o M1126 dispõe de sistema eletrônico de detecção e extinção de incêndio, contando com sensores e difusores para motor e tropa. Seus oito pneus têm toróides instalados e podem rodar até 40km com até quatro deles degradados. O Stryker conta ainda com sistema eletrônico de controle de pressão dos pneus, semelhante ao Guarani. Para proteção contra agentes QBN, o ICV conta com máscaras para a tropa e tripulação. Não dispõe de sistema de navegação, ou seja, o Stryker não é uma viatura anfíbia.
Em relação ao sistema de armas, o M1126 conta com um M151 Protector fabricado pela Kongsberg. Trata-se de um reparo automatizado de operação remota não estabilizado nesta versão. Pode comportar uma metralhadora cal .50 M2HB com cofre de 200 munições mais 2.000 estocadas na Vtr, ou um lançador de granadas MK 19 Mod3 Cal 40mm, com capacidade para 32 tiros prontos e 430 estocados. O M151 conta ainda com telêmetro laser, câmeras diurna e termal e um farol de busca infravermelho.
O emprego do Stryker em conflito real, desde 2003, fez surgir diversos relatórios dissertando sobre episódios positivos, bem como relevantes oportunidades de melhoria. A necessidade de repotencialização do chassi foi uma das primeiras demandas apresentadas, haja visto o constante emprego de dispositivos explosivos improvisados (IED) pela força oponente. A resposta a essa demanda foi a mudança da plataforma Flat bottom hull (parte inferior do chassi em formato plano) para double V hull (parte inferior do chassi em duplo V), que alterou o formato plano do assoalho do chassi para a forma em “V”, proporcionando proteção mais eficiente para a tropa embarcada.
As constantes exigências do combate geraram outras demandas de equipamentos vinculados, em sua maioria, à eletrônica embarcada. O peso dos equipamentos para atender às necessidades de aumento da consciência situacional e da inteligência em tempo real levaram a viatura ao limite das suas capacidades. A consequência imediata foi o aparecimento de deficiências como perda de potência do motor, redução da vida útil da suspensão e necessidade de geração de mais energia para os sistemas do carro. Fruto dessas deficiências, foi criado o ECP (Engeneering Change Proposal), programa que se encontra na segunda fase de execução e tem a finalidade de melhorar a plataforma Stryker, baseado nas lições aprendidas em combate e no aumento da necessidade de tecnologia embarcada.
Figura 2: STRYKER M 1126 ICV
Dentre as mudanças mais relevantes estão: a instalação de um novo motor, substituindo o atual, de 354 CV, por um Caterpillar C9 de 456 CV. Além disso, está prevista a substituição do alternador de 570A por um de 910A, em função da necessidade de geração de energia para a nova plataforma eletrônica digital comum (Victory). Outra grave deficiência relatada foi a redução da vida útil da suspensão, em função do aumento de peso em combate, considerando a instalação de kits de proteção e blindagens adicionais. A nova suspensão prevista passará a suportar aproximadamente 28,5 ton, ao invés das 25 ton atuais.
Como se pode observar, o Stryker é uma viatura que está sendo recriada desde o seu nascimento. A tecnologia embarcada, aliada à letalidade, proteção e modularidade são características relevantes para o combate na atualidade.
As forças armadas enfrentam, cada vez mais, desafios que põem à prova sua capacidade de manobrabilidade, adaptabilidade e modularidade. Desde outubro de 2016, o Exército dos EUA vem empregando 81 Stryker M1126 ICV com canhões 30mm de giro estabilizado e operação remota. A primeira unidade a receber os chamados ICV Dragoon foi o 2nd Cavalry Regiment, lotado na Alemanha e a entrega das novas plataformas foi concluída em janeiro deste ano.
Fonte: http://unosetentaydos.mforos.com/1633771/10960266-general-dynamics-m1126-stryker-icv-us-army-1-72
VIATURA BLINDADA DE COMBATE CARRO DE COMBATE (VBCCC) K2 DO EXÉRCITO DA CORÉIA DO SUL
ST José Lino- CI Bld
A VBCCC K2 Black Panther foi desenvolvida no ano de 2014 para equipar o Exército da República da Coréia do Sul, pela empresa Hyundai Rotem. O blindado está equipado com a mais recente tecnologia de combate e proteção para modernizar o Exército sul-coreano buscando utilizar ao máximo a indústria nacional. Apresenta alta mobilidade e manobrabilidade proporcionada pelo conjunto de força e por um sistema de suspensão e navegação avançado.
Como armamento principal o K2 possui um canhão L55 de 120 mm produzido na Coreia do Sul. A arma é alimentada por um carregador automático e a tripulação é constituída por três integrantes (comandante, atirador e motorista).
O blindado transporta 40 munições de 120 mm, sendo que 16 são transportadas no carregador automático e 24 em colméias na torre principal. O blindado possui também como armamento secundário uma metralhadora coaxial de 7,62 mm instalada no lado esquerdo da torre principal e uma metralhadora de 12,7 mm K-6 (M2 HB) na parte superior direita da torre para uso contra infantaria e veículos levemente blindados e lançadores de fumígenos.
Figura 1: VBCCC K2
O veículo utiliza um sistema de suspensão leve e simples que confere ao veículo um perfil mais baixo, podendo também inclinar-se para um dos lados ou ainda assumir uma maior distância ao solo o que permite que ele tenha uma melhor manobrabilidade em terreno acidentado além da silhueta reduzida. Essa funcionalidade permite que o CC dispare sua arma principal em declive, algo que muito poucos blindados podem fazer dando-lhe também melhor capacidade de engajar aeronaves em baixo vôo.
O sistema de suspensão também dá ao CC uma vantagem ao realizar deslocamentos em terrenos irregulares, pois pode ser ajustada automaticamente para diminuir a vibração. O veículo possui a capacidade de atravessar cursos de água de até 4,1 metros de profundidade usando um equipamento snorkel, superar inclinações de até 60 graus e obstáculos verticais de 1,3 metros de altura.
O K2 utiliza um sistema de proteção ativa tipo interceptador com dois lançadores, cada um deles armado com dois tubos de lançamento. Os lançadores são acoplados a um conjunto de radares separados dos dedicados ao controle de fogo e de alerta, localizados na frente da torre do blindado.
O blindado está equipado com um tipo desconhecido de blindagem composta. Possui um sistema de alerta laser, receptores de alerta de radar instalados no arco frontal e um sistema de identificação amigo-inimigo (IFF). O sistema IFF emprega códigos criptografados que mudam automaticamente para melhorar a segurança da rede, bem como a capacidade de proteção do blindado. Para a navegação o blindado está equipado com GPS e um sistema de navegação inercial. O veículo está equipado com um motor de 1.500 cv, diesel, de fabricação coreana, automático, com autonomia de 450 km e velocidade máxima de 70 km/h.
Figura 2: VBCCC K2
O motor possui um tamanho menor que muitos outros tipos. Isso possibilitou que fosse instalado um pequeno motor de turbina a gás, produzido pela Samsung Techwin e capaz de produzir 100 cavalos de potência. Seu objetivo será funcionar como uma unidade de energia auxiliar para o blindado alimentar seus sistemas, mesmo quando os motores principais estiverem desligados. Isso permitirá que o CC conserve combustível e reduza as assinaturas térmicas e a acústica geral do veículo.
Figura 3: VBCCC K2
Fonte: HS Jane's Defense Weekly, 7 de setembro de 2016. IHS http://www.janes.com, 25 de julho 2017. http://defense-update.com e http://www.army-guide.com/eng/product2311.html