A Forja 58

VENEZUELA COMPRA EQUIPAMENTOS CHINESES PARA A MARINHA
Maj Mauro – CI Bld
Figura 1: VN1 e carretas

            O Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) da Venezuela recebeu no final de dezembro de 2014 as primeiras viaturas compradas da empresa China North Industries Corporation (NORINCO).
            O recebimento foi chefiado pelo Comandante da Marinha venezuelana que, juntamente com uma comitiva de oficiais, viajou às cidades de Dalian e Xiang Tan, na China, em novembro de 2014.
            O primeiro lote, de um total de quatro, foi desembarcado na cidade de Puerto Cabello, no estado de Carabobo. Além de 11 Viaturas Blindadas de Combate de Infantaria (VBCI) VN-1, foram recebidos cinco caminhões para transporte de blindados, uma viatura PC, além de munição 30mm para a estação de armas do VN-1.
            A aquisição desse equipamento faz parte de um projeto de atualização, reequipamento e reorganização do CFN, desencadeado em 2012 pelo então presidente Hugo Chávez. VN-16, Lançador Múltiplo de Foguetes SR5, veículos de apoio, sistemas de comunicações, munições, material logístico e de campanha, totalizando investimento de 500 milhões de dólares.
            VN1 já estão em operação
            O VN-1 é uma VBCI anfíbia 8x8 de 21 toneladas, dotada de torre com canhão a partir do calibre 20mm (a versão comprada pela Venezuela é a de 30mm). O blindado é equipado com o motor de 440 hp de potência, o que lhe confere uma proporção de 21 hp/t. Com uma guarnição de três militares, o VN1 pode transportar até sete fuzileiros.
O CFN da marinha venezuelana realizou os primeiros testes dos veículos 8x8 Norinco VN-1 em território venezuelano. Os testes foram realizados na base naval CA Agustín Armario, em Puerto Cabello, onde os veículos realizaram avaliações de navegação, flutuabilidade, armamento/tiro e de rodagem. As avaliações fazem parte dos testes de aceitação por parte da Marinha e foram conduzidas por militares do CFN e por técnicos da NORINCO.
Figura 2: Teste próximo à fragata Mariscal Sucre

            VN18
            Ainda que não tenham anunciado a compra ou o recebimento, os militares venezuelanos inspecionaram o VN18, uma VBCI anfíbia sobre lagartas, chegando inclusive a publicar imagens da viatura na internet.


CI BLD RECEBE O CBT DO LEOPARD 1A5 BR
2º Sgt Ubal – CI Bld
 
Figura 3: LEOPARD 1A5 BR

            No dia 26 de novembro de 2014, a empresa Defii Ateliê de Software entregou ao Centro de Instrução de Blindados o Computer Based Training (CBT) da VBCCC Leopard 1A5 BR.
            Um CBT é uma modalidade de software voltado ao ensino ou a capacitação, onde o aluno aprende a usar um equipamento ou a realizar algum procedimento específico.
            O CBT do Leopard possui onze módulos que abrangem desde a conduta auto até o sistema de armas, passando pelo sistema elétrico, anti-incêndio, controles do motorista, suspensão e trens de rolamento, entre outras funções.
            Ao final de cada módulo, o aprendizado do aluno é verificado por meio de jogos, o que oferece um maior grau de interação do aluno com o objeto de estudo, ou seja, o Carro de Combate.
            Embora o Exército Brasileiro já use o CBT no processo ensino-aprendizagem de armamentos há alguns anos, o caráter inovador do CBT do Leopard é a abordagem mais imersiva e dinâmica, onde são apresentadas interações que o aluno pode manter com a ferramenta durante o estudo e também jogos virtuais para avaliar o nível de aprendizado e retenção do conteúdo pelo aluno.
            O CBT do Leopard observa fielmente a terminologia e metodologia de ensino utilizada pelo Exército Brasileiro. Esse trabalho demandou bastante atenção para que os objetivos a serem atingidos fossem contemplados pela ferramenta de ensino. O CBT pode ser utilizado em várias plataformas, como Windows, Linux, dispositivos móveis e na própria internet. A empresa Defii, além de outros produtos, está trabalhando na produção de outros CBT e Serious Games para máquinas, equipamentos militares e veículos de uso civil.
            Serious Game
            Um "jogo sério", tradução literal do inglês "serious game", é um software ou hardware desenvolvido por meio dos princípios do desenho de jogo interativo, com o objetivo de transmitir um conteúdo de caráter educativo ao usuário. O termo "sério" (serious) refere-se neste caso a produtos e situações ligadas à área da defesa, da educação, exploração científica, gestão de emergência, planejamento urbano, engenharia e política.O conceito de utilizar jogos com propósitos educativos tem a sua origem ainda antes da revolução tecnológica e do uso comum de computadores: O primeiro serious game foi o Army Battlezone, um projeto desenvolvido pela empresa Atari nos anos 80. Esse jogo foi concebido para treinar militares em situação de batalha.
            Ao longo dos anos, na medida em que os computadores foram sendo aperfeiçoados, os serious games foram concebidos para uma variedade cada vez maior de áreas da educação. O principal objetivo é simular o mundo real, diferenciando-se dos jogos virtuais comerciais, que possuem objetivo de simular um mundo fictício.
Figura 4: LEOPARD 1A5 BR

EXÉRCITO DOS ESTADOS UNIDOS INICIA PROJETO DE SUBSTITUIÇÃO DA VBTP M113
2º Sgt Pinheiro – CI Bld
            O Exército norte-americano anunciou em dezembro a escolha da empresa BAE Systems para a engenharia e para o desenvolvimento (EMD em inglês) de uma nova viatura blindada, denominada AMPV (Armored Multi-Purpose Vehicle). O AMPV será o substituto da família de viaturas blindadas M113.
            A concessão prevê a produção de 29 unidades de diferentes versões em um prazo de 52 meses, com um custo de 382 milhões de dólares. Há ainda a possibilidade da produção iniciar imediatamente, após a fase EMD, caso as viaturas sejam aprovadas nos teste iniciais. Nesse caso, serão produzidas mais 289 viaturas, com um custo total de 1,2 bilhões de dólares.
            O AMPV será desenvolvido na modalidade Commercial Off-The-Shelf (COTS), ou seja, serão utilizadas partes e peças disponíveis comercialmente, eliminando-se custos de pesquisa e desenvolvimento. Inicialmente, o AMPV herdará as capacidades consagradas do Bradley. Isso contribuiu ainda para a uniformização com outras plataformas, o que facilita a logística e diminui custos.
            Em 2007, o programa M113 foi encerrado devido à proteção insuficiente proporcionada à tropa, bem como à incapacidade de incorporar novas tecnologias, em razão de características como peso, dimensões, potência e refrigeração. Além disso, o M113 não acompanhava a velocidade e a proteção blindada das Viaturas Blindadas de Combate Carros de Combate (VBCCC).
            A BAE Systems informou que vai desenvolver um “sistema acessível e integrado” para atender aos requisitos do exército. Os 29 veículos serão submetidos a testes de desenvolvimento e operacionais rigorosos, para garantir que sejam eficazes e adequados às demandas atuais da tropa mecanizada.
            O AMPV apoiará os Abrams e os Bradley em missões de ressuprimento, comando e controle, apoio de fogo, apoio logístico, evacuação médica, e todas as demais que a flexibilidade lhes proporcionar.
            A capacidade aumentada do AMPV permite à ABCT (Brigada Blindada) tirar o máximo proveito da proteção, mobilidade, consciência situacional e sustentabilidade, proporcionando uma plataforma com alto grau de sobrevivência e com mobilidade suficiente para apoiar missões operacionais realizadas.
            A maior proteção blindada, combinada com o maior desempenho automotivo do AMPV, permitirá que as Unidades de apoio operem com segurança e eficiência no mesmo ambiente operacional dos elementos de combate que estejam sendo apoiados.
            O programa AMPV atual prevê a substituição dos M113 somente até o escalão Brigada, o que abrange cerca de três mil viaturas.
            Embora haja aproximadamente dois mil M113 em apoio ao escalões superiores, a substituição exige requisitos diferentes da aquisição atual, que ainda não foram desenvolvidos.
                                                                                                                                                                                                                           M113
Figura 5: M113 do 22º Regimento de Infantaria durante a guerra do Vietnã

            O M113 foi utilizado pela primeira vez em serviço em 1962, durante a guerra do Vietnã. O blindado foi desenvolvido pela empresa Food Machinery Corporation (FMC) para substituir o M59, que por sua vez substituiu o M75. Na década de 1980, o M113 foi substituído pelo M2 Bradley nas missões de transporte de pessoal à frente dos combates, sendo empregado a partir de então somente na área de retaguarda.

MÍSSEL ANTICARRO SPIKE MR-LR “FIRE AND FORGET” E “FIRE, OBSERVE AND UPDATE”
Cap Pimentel – AMAN


Figura 6: Míssil Anticarro (MAC) SPIKE MR-LR

            O SPIKE, desenvolvido e produzido pela empresa israelense Rafael desde o final da década de 90, pertence a uma família de mísseis de modelos semelhantes, mas com alcance e tamanhos variados. As principais versões de emprego são os mísseis de curto (SR), médio (MR) e longo alcance (LR).
            A família SPIKE utiliza uma concepção ímpar de emprego, na qual se objetiva diminuir a exposição do atirador durante o voo do míssil, minimizar os erros de impacto em virtude da movimentação do alvo e manter a alta expectativa de acerto independente da distância de engajamento de alvos. No teatro de operações da América do Sul; Chile, Peru, Equador e Colômbia empregam esses mísseis, em especial as versões de médio e longo alcance.
            A versão MR possui um alcance de 2500m e tempo de voo de aproximadamente 15 segundos. A versão LR tem alcance de 4000m e tempo de voo de 24 segundos. Ambas as versões possuem calibre 110mm empregando ogivas HE e Tandem (HEAT). A ogiva de dupla carga oca possibilita a penetração aproximada de 800mm, sendo eficaz contra blindagens reativas. O modo “top attack” é a principal forma de emprego, possibilitando impactar veículos blindados em sua parte superior (blindagem mais fraca). A elevada expectativa de impacto (95%) não é influenciada negativamente pelo aumento da distância de engajamento. A velocidade de voo do míssil varia entre 130 e 180m/s.
            O sistema completo pesa 25kg e pode entrar em posição em 30 segundos. Seu emprego é bastante diversificado, dotando tropas a pé, plataformas de roda ou lagarta e aeronaves.
            No emprego do equipamento, o operador é responsável por ativar a ogiva do míssil e realizar a pontaria. Após a ativação, a pontaria irá direcionar o sistema de busca do míssil para o alvo visado. O sistema de pontaria usa uma câmera diurna tipo CCD (“Charged Coupled Device”) com zoom de 10 vezes e campo de visão de 5° ou uma câmera térmica com campo largo e estreito. Ao realizar o disparo, o míssil registrará automaticamente a imagem visualizada, esse procedimento é denominado trancamento (“track”). O sistema de busca do míssil contém um software baseado no contraste da imagem obtida no trancamento e projetado para seguir o alvo do momento do disparo até o impacto.
Figura 7: Visada da câmera diurna
Figura 8: Visada da câmera termal
            A versão de médio alcance é projetada para realizar disparos com elevada precisão sem expor a guarnição, através do conceito Atire e Esqueça (“fire and forget”).
A versão de longo alcance permite o engajamento de alvos além da linha de visada, através da máxima Atire, Observe e Atualize (“fire, observe and update”), enquadrando-se como um míssil de 4ª geração.
            Em ambas as versões, o míssil é direcionado para o alvo de forma autônoma. A diferença de emprego do modo “fire, observe and update” e “fire and forget” é a existência de uma bobina de fibra ótica que proporciona uma comunicação bidirecional entre míssil e a unidade de lançamento na versão de longo alcance. A utilização da fibra ótica, desenrolada durante o voo, permite a atualização da pontaria, caso seja necessário.
            Em virtude do emprego da fibra ótica, o míssil anticarro de longa distância tem a possibilidade de realizar o disparo fazendo o trancamento da imagem em um obstáculo que impeça a visualização do alvo. Após a passagem pelo anteparo, e o alvo desejado se tornar visível, este pode ser redirecionado. Este tipo de emprego é bastante eficaz contra posições cobertas e camufladas, cortinas de fumaça e neblina. A comunicação proporcionada pela utilização da fibra ótica aliada a grande precisão do míssil, permite a identificação positiva do alvo, evitando, também, o fratricídio e danos colaterais.
            Os gastos de manutenção do ciclo de vida do sistema são considerados baixos. Sua logística é extremamente facilitada pela similaridade de seus modelos. A grande desvantagem da família é ter um custo extremamente alto quando comparado a mísseis das gerações anteriores guiados por fio, radares e laser, ainda presentes em grandes quantidades na atualidade, e que podem ser usados em alvos menos compensadores.
            Sua capacidade de dano e expectativa de impacto, aliada à facilidade de operação e flexibilidade de emprego, o torna um armamento de importante dissuasão no combate moderno. O emprego conjunto da família maximiza suas potencialidades. O engajamento de alvos fora da linha de visada (versão LR), somado à realização de disparos rápidos e precisos, sem expor a guarnição (versão MR), aumenta consideravelmente suas possibilidades de emprego.
Figura 9:
Míssil Anticarro (MAC) SPIKE MR-LR

Fonte:
Armada Bolivariana de Venezuela (www.armada.mil.ve), Defesanet (www.defesanet.com.br), Exército dos EUA (www.army.mil) e Worldwide Equipment Guide