TEMAS TRATADOS NESTA EDIÇÃO
- A VIATURA BLINDADA ESPECIAL DE ENGENHARIA 6X6 GUARANI
- LEOPARD 2 A7V – O MAIS MODERNO CC DA ALEMANHA E DA UNIÃO EUROPEIA
- MINAS ANTI CARRO – INIMIGAS MORTAIS DOS BLINDADOS.
A VIATURA BLINDADA ESPECIAL DE ENGENHARIA 6X6 GUARANI
Cap Abrahão – Instrutor do CI Bld
HISTÓRICO
A Arma de Engenharia desenvolve atividades de apoio à mobilidade, à contramobilidade e à proteção (MCP), bem como atividades de apoio geral. Para tanto, necessita de equipamentos e materiais especializados. As brigadas blindadas possuem batalhões de engenharia de combate orgânicos, de mesma natureza. Esses batalhões possuem equipamentos como Viaturas Blindadas de Transporte de Pessoal (VBTP) M113 BR, a Viatura Blindada Especial de Engenharia (VBE Eng) Leopard 1 BR e a Viatura Blindada Especial Lança Pontes (VBEL Pnt) Leopard 1 BR, que permitem à engenharia executar suas missões específicas com eficiência.
Já nas brigadas mecanizadas, as unidades da arma azul-turquesa são dotadas das viaturas blindadas (VB) Guarani, caracterizadas por sua flexibilidade e sua mobilidade. Para que esse veículo consiga realizar suas atividades operacionais, o Departamento de Engenharia de Construção, assistido pela Diretoria de Material e Engenharia, implementou o projeto da VBE Eng da plataforma Guarani.
O PROJETO
A implementação dessa viatura especializada está englobada no Projeto Guarani que, dentre outros objetivos, visa a mobiliar os batalhões de engenharia de combate mecanizados com as plataformas blindadas especializadas, aumentando, assim, suas capacidades. Participam de sua execução o Estado-Maior do Exército (EME), a Diretoria de Engenharia e Construção (DEC), o Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT), a Diretoria de Fabricação (DF), o Arsenal de Guerra de São Paulo (AGSP), o Centro de Avaliações do Exército (CAEx) e a 15° Companhia de Engenharia de Combate Mecanizada (15ª Cia E Cmb Mec).
Para isso, foi contratada a empresa britânica Pearson Engineering, que possui vasta experiência no ramo. O projeto foi dividido em duas fases, sendo a primeira voltada à VBE Eng e a segunda à VBE Desminagem. Na fase inicial, está prevista a adaptação da viatura e a aquisição dos implementos de engenharia (lâmina de obstáculo reta, anexo da caçamba carregadora e braço de manipulador de escavação). Já na segunda, está prevista a aquisição dos implementos de desminagem (sistema de marcação de obstáculo, dispositivo de limpeza de superfície e rolo antiminas com bloqueador de sinal magnético).
Fruto disso, foram realizados, no Arsenal de Guerra de São Paulo (AGSP), em 2021, adaptações em duas VB Guarani, integrando a viatura com a interface comum, o que resultou nos protótipos da Viatura Blindada Especial de Engenharia Guarani. Após esse trabalho, ocorreu, no próprio AGSP, os Curso de Operação e de Manutenção daqueles implementos, ministrados pela Pearson. Após isso, houve a verificação das capacidades da viatura no Centro de Avaliações do Exército (CAEx). Por fim, em 2022, ocorreu a capacitação dos militares da 15ª Cia E Cmb Mec e do 1° Batalhão de Engenharia de Combate (Escola), realizada para difundir os conhecimentos sobre o material.
EXPERIÊNCIA EM EMPREGO
De acordo com o manual de campanha C 5-10 - O Apoio de Engenharia no Escalão Brigada, o pelotão de engenharia de apoio concentração as viaturas blindadas. Com a adoção e o emprego da VBE Eng Guarani, haverá aumento em suas capacidades de apoio nas atividades de MCP, nos trabalhos de organização no terreno e em abertura de brechas.
Conforme o manual de campanha Efeito dos Obstáculos, os obstáculos de proteção local têm a finalidade de proporcionar a proteção aproximada da tropa que se encontra em uma posição defensiva, visando a dificultar o assalto final do inimigo.
Nas experiências colhidas das Forças de Pacificação do Rio de Janeiro, como as operações Arcanjo e São Francisco, os investimentos nas comunidades até a consolidação das posições foram as partes mais críticas. Durante o itinerário até os objetivos a serem conquistados, foram encontrados diversos obstáculos de proteção local, montados pelos agentes perturbadores da ordem pública (APOP), nas vias de acesso.
Os obstáculos mais comuns empregados nas comunidades foram barricadas, carcaças de carros, trilhos concretados no asfalto e lixo. Durante aquelas operações, necessitou-se de maquinário para garantir o avanço das tropas. Nessas tarefas, ganharam notoriedade as viaturas especializadas que não possuíam blindagem, como as retroescavadeiras. Isso, por vezes, colocou em risco a integridade física do operador do equipamento e demandou maior segurança em seu entorno.
Observando-se experiências de países que estiveram em combate, como nas guerras no Afeganistão e no Iraque, vê-se que viaturas blindadas com implementos de engenharia foram amplamente utilizadas. Muitas delas empregaram materiais adquiridos da Pearson. Os principais equipamentos são a lâmina de remoção de obstáculos e os implementos contra a ação de artefatos explosivos e minas terrestres.
Atualmente, no Exército Brasileiro, apenas a Engenharia Blindada possui viaturas coerentes com as necessidades de Apoio a MCP de sua tropa. Com a aquisição dos implementos para a VBTP 6x6 Guarani, a tropa Mecanizada começa a possuir capacidades para as tarefas mais exigentes. Executando missões mais arriscadas e usando os seus meios previstos de maneira mais eficiente para suas missões impostas.
VIATURAS QUE UTILIZAM IMPLEMENTOS DA PEARSON ENGINEERING
As viaturas M1132 Engineer Squad Vehicle e SPAR III 8x8 Engineer Vehicle compõem as tropas de engenharia mecanizada dos EUA e de Omã. As viaturas, assim como a VBE Eng Guarani, possuem modularidade em sua parte dianteira e na retaguarda. Para isso, é anexada ao veículo a Interface Comum, que permite a modularidade dos implementos, conforme a necessidade imposta pela missão.
Ambas as viaturas representadas foram adaptadas pela Pearson, demonstrando que os implementos estão entre os mais atuais e utilizados por outros exércitos. Integrações como essas também ocorrem em outras plataformas, como Boxer, Leopard, Abrams e M60. A Marinha do Brasil possui uma variante da sua Viatura Blindada Especial Sobre Rodas 8x8 Piranha IIIC, que dota seus fuzileiros navais com lâmina de remoção de obstáculos.
A VIATURA BLINDADA ESPECIAL ENGENHARIA GUARANI
Na viatura blindada Guarani, a fim de adaptá-la às atividades de engenharia de combate, o sistema de Interface Comum (IC) da Pearson foi fixado na parte frontal do chassi de forma permanente, mantendo a proteção blindada e as capacidades originais da viatura. Dessa forma, permite à VBE Guarani anexar, operar e ejetar o implemento a partir de uma conexão rápida. Ainda, proporciona a operação e o monitoramento pelo motorista por meio de um controle comum para todos os implementos.
A operação dos equipamentos requer certos cuidados de segurança e manuseio, exigindo do motorista a habilidade na operação da viatura. O acoplamento e o desacoplamento são realizados de modo relativamente simples. Para a operação dos implementos são utilizados os joysticks de comando que foram posicionados nos descansos de braço do banco do motorista da viatura. Há, ainda, a capacidade de se operar o implemento escotilhado. Para isso, a viatura uma câmera acoplada na sua parte frontal, utilizando a tela do CP 6 para transmitir a imagem ao operador.
LÂMINA DE OBSTÁCULO RETA (Straight Obstacle Blade – SOB)
A SOB é o equipamento indicado para a remoção de obstáculos e realização de pequenos trabalhos de terraplenagem. Possui dois modos de operação: flutuação e fixo. No modo flutuação, a lâmina abaixa e desloca apenas por ação de seu peso conforme o terreno, usada para nivelar e com a VB executando ré. No modo fixo, a lâmina trabalha conforme o comando. A mesma pode ser usada para limpar detritos, barricadas, preencher escavações, remover veículos, nivelar solo e para deslocamento de terra.
ANEXO DE CAÇAMBA CARREGADORA (Loader Bucket Attachment – LBA)
A LBA é o equipamento indicado para trabalhos de deslocamento de terra e detritos. Possui dois modos de operação, flutuação e fixo. No modo flutuação a lâmina abaixa e desloca apenas por ação de seu peso conforme o terreno, usada quando é necessário o contorno do solo. A mesma pode ser usada para deslocamento de terra, como escavar posições de tiro, criar ou romper bermas, mover detritos e barricadas, preencher escavações.
BRAÇO MANIPULADOR DE ESCAVAÇÃO (Excavator Manipulator Arm – EMA)
O EMA é o equipamento indicado para trabalhos de movimentação de terra, içamento e demolição. O EMA possui um alcance de profundidade de 1,5 metro do nível do chão, de altura máxima de 4 metros do nível do chão e de escavação máximo de 3 metros da viatura. Existem três modos de operação, escavar, quebrar e elevar, podendo ser usado para cavar e encher valas, limpar e criar obstáculos, demolir pequenos edifícios e quebrar com o rompedor pneumático.
O TRANSPORTE DOS IMPLEMENTOS
A aquisição de vários implementos que utilizam interface comum gerou a necessidade de transportá-los separadamente. As maneiras mais simples de realizar essa atividade são por empilhadeira ou içamento da carga em um caminhão que comporte o maior número de ferramental possível.
A capacidade de carregamento, a largura e o comprimento da carroceria devem ser maiores que o conjunto de paletes de transporte sobre o seu chassi. A carga de içamento deve ser maior que o implemento mais pesado. Com isso, para deslocar os implementos citados na tabela acima, o guindaste a ser utilizado deve ter a capacidade máxima de içamento em 30% do equipamento mais pesado, lateral de 2,5 metros e comprimento de, no mínimo,12 metros.
Na falta desse veículo, o transporte dos implementos pode ser realizado por meio de prancha ou caminhões similares, sendo possível o embarque com guindastes fixos/móveis e empilhadeiras./p>
Tabela de Implemento
Implemento | Peso do Implemento (kg) | Peso do Palete de Transporte (kg) | Peso do Implemento no Palete de Transporte (kg) | Largura do Palete de Transporte (m) | Comprimento do Palete de Transporte (m) | Altura do Implemento Montado no Palete de Transporte (m) |
---|---|---|---|---|---|---|
Anexo Caçamba Carregadeira | 1530 | 820 | 2350 | 3.1 | 2.08 | 1.089 |
Braço Manipulador de Escavadeira + Quebrador | 1687 | 755 | 2442 | 2.85 | 2.008 | 2.039 |
Lâmina de Obstáculo Reta | 1450 | 575 | 2025 | 3.2 | 1.758 | 1.089 |
TOTAL | 4667 | 2150 | 6817 | 9.15 | 5.846 | - |
CONCLUSÃO
De início, algumas oportunidades de melhoria já se apresentaram, como o uso de correntes nos pneus − a fim de aumentar a aderência em solo remexido −, o uso de câmera de ré que possa ser movimentada pelo operador e o robustecimento da suspensão do veículo. Tudo isso visa a otimizar o funcionamento da viatura dotada de implementos, cujo peso extra e tração requerida vão além do propósito como VBTP.
A aquisição dos implementos para a VBTP 6x6 Guarani foi um avanço para a engenharia de combate mecanizada. A segunda fase do projeto, ainda a ser implementada, convida as OM a serem contempladas com os materiais previstos a adestrarem seus quadros em seu emprego e a prepararem suas instalações para recebê-los. O emprego dessas capacidades servirá, portanto, de catalisador das possibilidades de emprego da tropa apoiada. Xingu! Aço!
REFERÊNCIAS
LEOPARD 2 A7V – O MODERNO CARRO DE COMBATE DA ALEMANHA E DA UNIÃO EUROPEIA
Cap Luis Filho – Cmt 4° Esqd C Mec
INTRODUÇÃO
Os principais exércitos do mundo possuem a tropa blindada como espinha dorsal do seu poder de combate. Nesse tipo de tropa, destacam-se, como seus meios principais de emprego militar, os Carros de Combate (CC). No Brasil, a Viatura Blindada de Combate Carro de Combate (VBC CC) Leopard 1A5 BR é utilizada desde 2010 e hoje mobilia os Regimentos de Carros de Combate (RCC) e a maioria dos Regimentos de Cavalaria Blindados (RCB) do Exército Brasileiro.
Esse CC, proveniente da Alemanha, foi desenvolvido por meio de uma parceria entre as Forças Armadas Alemãs (Bundeswehr) e a empresa alemã Krauss-Maffei Wegmann (KMW). A versão brasileira do Leopard já possui vários sucessores, entre os quais se destacam o modelo 2A4 utilizado pelo Exército Chileno, na América do Sul, e as versões 2A5 e 2A6, em uso na Alemanha e em diversos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
Em 2020, foi encerrado o período de testes dos protótipos do mais novo CC do Exército Alemão: o Leopard 2 A7V. A partir daí, iniciou-se a produção e distribuição, inicialmente para os exércitos alemão e dinamarquês, com previsão de distribuição futura para diversos países da OTAN. O “V” em seu nome significa verbessert, que quer dizer aperfeiçoado ou melhorado. Os “Leo”, como são chamados pelos militares alemães, foram aperfeiçoados com tecnologia de última geração para atender às demandas do combate moderno e para sanar os problemas ou vulnerabilidades apresentados pelos modelos anteriores.
DESENVOLVIMENTO
O caminho do Carro de Combate Leopard
O Projeto Leopard iniciou-se na Alemanha em 1956, para substituir os CC M47 e M48, de fabricação norte-americana, que estavam em uso na então Alemanha Ocidental. As primeiras entregas foram feitas a diversos países europeus em 1965.
Nos primeiros anos da década de 1970 a empresa KMW iniciou a produção do Leopard 2 para fazer frente aos novos tanques russos T64 e T72, o qual começou a ser usado efetivamente pelo Exército Alemão e outros exércitos europeus e não europeus a partir de 1979. O Leopard 2 é um CC de terceira geração, equipado com telêmetro laser, imagem termal e sistema DQBRN.
Desde o Leopard 1A1 (1965) foi aumentada a proteção blindada, acrescentado o intensificador de imagens noturno, incluídos os rádios digitais e o sistema integrado de controle de tiro, para então chegar à versão Leopard 1 A5 (1983). Esse modelo incorporou o sistema de controle de tiro EMES 18 com telêmetro laser e visão termal, e o sistema ótico da empresa Zeiss do Leopard 2, ou seja, um CC baseado no Leopard 1 com alguns sistemas e tecnologias do Leopard 2.
O Brasil adquiriu, inicialmente, 128 unidades do Leopard 1 A1 e, posteriormente, 239 unidades do Leopard 1 A5. Na Alemanha e em alguns países da OTAN, o Leopard 2 já estava na sua versão A6, cuja blindagem é de terceira geração, constituída por materiais compostos com blindagem adicional na parte frontal da torre, blindagem em cunha, bem como saias protetoras laterais. A nova blindagem permitia ao carro de combate resistir aos novos armamentos anticarro de ogiva dupla, bem como aos mais recentes projéteis de energia cinética.
Um dos Carros de Combate mais modernos do mundo
O Leopard 2 A7V é um dos carros de combate mais modernos e poderosos do mundo. Nele, o triângulo de poder de fogo, mobilidade e proteção blindada está equilibrado de forma excepcional. Além disso, as diversas melhorias atendem, também de forma equilibrada, demandas das dimensões humana, física e informacional. As melhorias acrescentadas elevam seu patamar. São suas principais características:
Informações do Veículo
Atributo | Valor |
---|---|
Ano de Introdução | 2014 |
Peso | 63,9 toneladas |
Armamentos | Canhão estabilizado de alma lisa de 120 mm e 2 Mtr MG3 |
Distância Máxima de Combate | 5.000 metros |
Comprimento | 10,97 metros |
Potência do Motor | 1500 HP |
Altura | 3 metros |
Velocidade Máxima | 63 Km/h |
Largura | 3,75 metros |
Autonomia | 450 Km |
O novo Leopard 2 A7V
Diversas melhorias foram incorporadas ao novo CC alemão, visando a atender diversos aspectos atinentes às três dimensões componentes do ambiente operacional da Era do Conhecimento. As principais inovações podem ser divididas entre as dimensões humana, informacional e física:
1) Dimensão Humana
a. Proteção Blindada
O chassi recebeu um módulo de proteção adicional, aumentando a proteção contra minas anticarro e armadilhas, além de acréscimo de blindagem adicional passiva à frente do chassi, para proteger a guarnição contra munições perfurantes. Contudo, esse aumento elevou-o a uma classe de peso mais alta.
Esse CC pesa, agora, 63,9 toneladas, o que exigiu um conjunto de força mais eficiente, além de outras modificações no sistema de transmissão. Mesmo com esse aumento significativo no peso, não houve prejuízo nas capacidades de aceleração e condução através campo.
b. Melhores condições de armazenamento de material
Graças a um novo conceito de armazenamento, a guarnição pode acondicionar melhor seu equipamento individual. As alterações incluem suportes para armamento leve na parte superior da torre e cestos de armazenamento de material na parte externa da torre. Essas modificações tiveram por objetivo melhor distribuir e armazenar o material da guarnição, aumentando o conforto da tropa durante o combate.
c. Ar condicionado
O ambiente climatizado propiciado pelo sistema de ar condicionado, controla a temperatura interna do CC, tanto na torre quanto no chassi, e proporciona melhores condições de combate para a guarnição. Assim, aumenta-se o tempo de duração em combate, fazendo com que as guarnições tenham melhor rendimento por mais tempo. Ao mesmo tempo, mantém-se constante a umidade do interior da torre, garantindo eficiência aos equipamentos eletrônicos embarcados.
Dimensão Informacional
a. Comunicações
Uma das inovações mais avançadas é a melhoria nas capacidades de Comando e Controle, com tecnologia digital que permite à rede operar o Gerenciamento do Campo de Batalha (GCB), em inglês (BMS - Battlefield Management System). O BMS é a tecnologia digital de comando, consciência situacional e condução de tropas no campo de batalha.
No BMS, é possível ver a própria posição e as posições das tropas amigas na carta digital. Além disso, medida de coordenação e controle, ordens de operações e fragmentárias podem ser transmitidas por meio desse equipamento. Os novos Leopard 2 A7V usam o sistema de navegação por satélite da União Europeia GALILEO, garantindo segurança e precisão na utilização de todos os equipamentos.
b. PERI R17A3 – Periscópio do Comandante
O periscópio do comandante do carro PERI R17A3 inclui um dispositivo de imagem térmica de terceira geração e um canal óptico diurno. Isso permite ao comandante ter efetividade na busca de alvos, na identificação do terreno e na progressão através campo.
c. Câmera de visão traseira
A câmera de visão traseira (ou câmera de ré) utiliza o sistema SPECTUS (Spectral Technology for Unlimited Sight). Esse equipamento possui um dispositivo de imagem térmica de 3ª geração e integra as visões diurna e noturna, permitindo ao motorista conduzir o CC para a retaguarda, à noite e com pouca visibilidade, sem necessidade de balizamento a pé.
O SPECTUS inclui uma câmera de visão diurna com função de crepúsculo, além da visão noturno. Esse sistema viabiliza a condução do Leopard 2 A7V em situações de baixa luminosidade, permitindo o uso do CC em combate e em condições nas quais boa parte dos blindados ficariam praticamente inoperantes.
d. Sistema de geração de energia
Na parte traseira do carro de combate, acima da polia motora direita, há uma unidade auxiliar de energia, independente do motor, para alimentar os sistemas embarcados. Com potência nominal de 20 kW, a unidade permite que a torre também seja usada sem restrições mesmo com o motor do carro desligado. Isso permite o monitoramento do campo de batalha durante o dia e a noite com baixa emissão térmica e sonora, mantendo as capacidades de engajamento de alvos.
Dimensão Física
a. Canhão 120 mm
No campo de batalha, o Leopard 2 A7V tem grande poder de fogo. O tubo do canhão de alma lisa de 120 milímetros foi reforçado para poder disparar munições modernas com maior alcance, como as de tempo modelo DM11, para combater alvos a uma distância de até 5.000 metros. Essa munição pode ser programada para explodir no alvo, segundos após o impacto, após penetrar a blindagem, causando baixas em seu interior. Ela também pode explodir antes do alvo, se usada contra veículos leves ou tropa a pé, lançando estilhaços em formato cônico a 50 metros. Portanto, ao programar o tempo de detonação, o efeito no alvo é otimizado.
b. Modificações na transmissão
O aumento significativo de peso (aproximadamente 20 toneladas em relação à versão 1 A5 BR) exigiu a revisão do conjunto de força e da transmissão, de modo a manter as capacidades de velocidade e de transposição de obstáculos.
c. Suspensão
Os batentes hidráulicos aumentam a vida útil da suspensão do CC e permitem o deslocamento através campo em maior velocidade. Essa capacidade aumenta a efetividade do CC em combate, pois seu deslocamento veloz em terrenos acidentados contribui para sua mobilidade, incrementando as possibilidades de obter surpresa e rapidez nas ações.
d. Patins de neve
Devido a um novo conceito de espaço, os patins de neve agora estão situados na parte traseira da torre e podem substituir as almofadas normais das lagartas para maior aderência em terrenos escorregadios ou com neve, gelo e lama.
Dimensão Física
O Leopard 2 A7V já é considerado um sucesso pelos alemães. Seu antecessor, o Leopard 2 A6, já foi testado em combate pelo Canadá e alguns países europeus integrantes da OTAN no Kosovo e no Afeganistão. O novo “Leo” aumenta e aperfeiçoa as capacidades da versão anterior, podendo tornar-se o futuro Carro de Combate da União Europeia.
Até o final de 2023, 104 unidades do novo modelo estarão em serviço e um Esquadrão completo estará na Lituânia, integrando a Força de Ação Rápida da OTAN para defesa do flanco leste na fronteira com a Bielorrússia. O planejamento é de que, até 2040, toda a frota de CC alemã seja substituída pelo modelo A7V.
Apesar disso, ainda existem alguns obstáculos para que esses objetivos sejam atingidos, como o treinamento de pessoal no novo modelo, com duração de aproximadamente 6 meses; questões logísticas, como peças para reposição, adaptação das estruturas de manutenção; e substituição dos simuladores de treinamento por outros que permitam o adestramento no novo modelo.
Por fim, o novo Leopard 2 A7V é, sem sombra de dúvidas, um dos melhores carros de combate em atividade atualmente, colocando as Forças Armadas Alemãs e a OTAN entre as forças mais bem preparadas para o combate moderno de média e alta intensidade.
Observação: o autor frequentou o Curso de Comandante de Subunidade de Cavalaria Blindada do Deutsches Heer em Münster, Alemanha, em 2022.
REFERÊNCIAS
MINAS ANTICARRO – INIMIGAS MORTAIS DOS BLINDADOS
3° Sgt Erivelto – Monitor do CI Bld
Minas Anticarro (AC)
As minas anticarro foram improvisadas durante a Primeira Guerra Mundial como contramedida face aos tanques, introduzidos pelos britânicos no final daquele conflito. Inicialmente, elas eram pouco mais que projéteis alto-explosivos ou morteiros enterrados, com suas espoletas na posição vertical. Mais tarde, os alemães empregaram uma carga que era acionada eletricamente desde um posto de observação (PO) distante.
Os aliados, então, passaram a empregar uma carga que detonava quando um carro passava sobre ela. Esse dispositivo foi o antecessor das minas anticarro de hoje. No final daquela guerra, as minas foram responsáveis por 15% das baixas de carros de combate dos EUA na Batalha de Saint-Mihiel, na Terceira Batalha de Aisne, na Batalha de Celles e na Ofensiva Meuse-Argonne.
Finalidade das minas AC
As minas anticarro são projetadas para danificar ou destruir veículos, especialmente os blindados, e pode vir a ter efeito letal sobre os seus ocupantes. Em comparação às minas antipessoal, as AC geralmente carregam uma carga explosiva muito maior (de 5 a 20 kg) e sua espoleta é projetada para ser ativada pelo veículo, normalmente mediante pressão, requerendo em torno de 150 a 200 kg sobre si para seu acionamento.
Elas são normalmente enterradas, com intenção de, por intermédio do efeito do explosivo, tornar indisponível um veículo, com o movimento de sua lagarta ou o estouro dos seus pneus. O efeito sobre os veículos de pouca resistência e sobre rodas é máximo.
Histórico
A União Soviética começou a desenvolver minas no início da década de 1920 e produziu sua primeira mina anticarro, chamada EZ, em 1924. Desenvolvida pelos engenheiros Egorov e Zelinsky, este artefato tinha carga de 1 kg, o que era suficiente para destruir a lagarta de um blindado à época. Enquanto isso, a Alemanha desenvolveu suas próprias minas AC, e sua primeira versão moderna, a Terrormine 29, entrou em serviço em 1929. Tratava-se de um dispositivo em forma de disco com diâmetro de cerca de 30 cm, carregado com cerca de 5 kg de alto-explosivo. Sua segunda versão foi lançada em 1935.
Esse tipo de dispositivo também foi usado na Guerra Civil Espanhola: naquele ínterim, as forças republicanas removeram minas colocadas pelos nacionalistas e utilizaram-nas contra eles. Isso levou ao desenvolvimento de equipamentos contra seu manuseio, de modo a impedir sua reutilização por parte do inimigo.
Esses engenhos também foram amplamente utilizados na Guerra de Inverno entre a União Soviética e a Finlândia. Enfrentando escassez geral de meios anticarro, as forças finlandesas tiraram vantagem dos movimentos previsíveis de unidades motorizadas inimigas, impostas por terrenos e condições meteorológicas difíceis, vindo a canalizar seu movimento até seus campos minados com sucesso.
Voltando às minas alemãs, vê-se que o citado modelo Terrormine era um dispositivo AC típico, mas sua pressão de atuação necessitava ser tão alta que o veículo inimigo deveria passar diretamente sobre si para ativá-la. No entanto, as lagartas desse blindado adversário tinham apenas cerca de 20% de sua largura, o que limitava o alcance com que os fusíveis de pressão poderiam ser eficazes. Assim, a maior parte dos danos geralmente era causada nos trens de rolamento do blindado, deixando a tripulação intacta e o canhão principal ainda operacional.
Isso os levou a desenvolver, para o conflito de escala mundial seguinte, minas com detonadores de haste de inclinação. Nelas, a espoleta ficava cerca de 60 cm acima do centro da carga e se tornava quase invisível logo que o dispositivo fosse plantado. Sua evolução fez com que as explosões passassem a matar as guarnições dos carros de combate e a detonar a munição que carregavam. Outros meios foram desenvolvidos naquele ínterim, como bombas adesivas e explosivos projetados para se fixarem magneticamente nos blindados, mas ainda não eram lançadas nem detonadas remotamente, como os modelos que conheceremos adiante.
Atualidade
O desenvolvimento das minas AC modernas tem visto vários avanços, incluindo cargas úteis explosivas mais eficazes. O uso de materiais não ferrosos também torna sua detecção mais difícil. Surgiram, ainda, novos métodos de implantação (por aeronave ou artilharia) e fusíveis de acionamento mais sofisticados que, ativados por efeitos magnéticos ou sísmicos, podem resistir às explosões de minas próximas ou ignorar o primeiro veículo a passar por cima dele – portanto, pode ser eficaz contra comboios e rolos de minas.
Dispositivos sofisticados de anti-manuseio também são tendência atual, de modo a evitar ou bloquear adulteração ou exclusão dos campos minados. Assim, as minas AC mais modernas são geralmente mais avançadas que simples contêineres cheios de explosivos detonados remotamente ou pela pressão do veículo. Os maiores progressos foram feitos nas seguintes áreas: aumento no poder dos explosivos (como o RDX); carga modeladora para maior eficácia na perfuração de blindagens; gatilhos de detonação mais avançados ou especializados.
Quanto aos invólucros das minas modernas, tem-se que atualmente eles são feitos de material plástico, para evitar fácil detecção. Apresentam, também, combinação de detonadores de pressão ou acionamento magnético, de modo que só podem ser ativados pelo veículo que se quer atingir.
Lançamentos de campos de minas
Existem, basicamente, dois métodos de lançamento de campos de minas: o primeiro, padrão, em que o local é estudado e realiza-se levantamento topográfico e distribuição das minas através de células padronizadas e devidamente demarcadas com coordenadas geográficas; já o segundo método é não padronizado, sendo lançado através de vários sistemas de distribuição para cobrir rapidamente grandes áreas (por meio de canhões de artilharia, viaturas blindadas especializadas e, também, lançamentos realizados pela Força Aérea.
Este último se caracteriza pela rapidez e pelo aumento da dificuldade de abertura de brechas e limpeza, pelo inimigo. Também aumenta a flexibilidade, isto é, a densidade e a profundidade são rapidamente adaptadas às características do terreno.
Contramedidas ativas
As contramedidas mais eficazes implementadas contra campos minados são os métodos explosivos ou mecânicos. Métodos de detonação, como o Giant Viper e o SADF Profader 160 AT, colocam explosivos em campos minados, impulsionando-os com foguetes ou lançando-os de aeronaves, detonando-os para abrir caminho. Já os métodos mecânicos incluem aração e explosão forçada por pressão.
As operações de aração usam um implemento especialmente projetado montado na extremidade dianteira de um carro fortemente blindado, de modo a afastar o solo e as minas embutidas nele, deixando uma passagem tão larga quanto o veículo trator. Em uma detonação forçada por pressão, um carro blindado empurra em sua dianteira um pesado rolo de metal sólido, esférico ou cilíndrico, para detonar as minas que porventura ali estejam.
Contramedidas passivas
Existem, também, várias maneiras de tornar os veículos mais resistentes aos efeitos das explosões de minas, a fim de reduzir a probabilidade de ferimentos em sua guarnição. No caso do impacto da detonação de uma mina, isso absorve a energia da detonação, desviando-a do casco ou aumentando a distância entre a tripulação e o ponto onde as rodas tocam o solo (onde é provável que a detonação ocorra).
Um método antigo e inusitado de proteger veículos contra minas era fixar placas de madeira nas laterais dos blindados, para evitar que soldados inimigos fixassem minas magnéticas. Por exemplo: no combate corpo a corpo em Iwo Jima, alguns CC foram protegidos desta forma. Um soldado japonês, fugindo de uma trincheira escondida, não seria capaz de lançar uma mina magnética na lateral de um tanque envolto em madeira.
Aumentar a distância entre as rodas e o habitáculo, como é feito nos veículos de transporte de pessoal do blindado Casspir (sul-africano), também é uma técnica eficaz, ainda que apresentem problemas de manobrabilidade e dirigibilidade. Já os veículos com chassi no formato em V usam cabine em forma de cunha, com sua extremidade fina apontando para baixo, a fim de desviar a energia da explosão para longe da guarnição.
Medidas improvisadas, por sua vez, como instalar sacos de areia ou coletes à prova de balas no assoalho do carro, podem fornecer alguma proteção contra pequenas minas. Já placas de aço no piso e nas laterais protegem os ocupantes de estilhaços. Outra medida nesse sentido é a instalação do assento na lateral ou no teto do veículo, e não no piso, protegendo os ocupantes de ondas de choque transmitidas através da estrutura do veículo, em caso de passagem sobre mina.
Conclusão
Pôde-se verificar que as tecnologias empregadas para o lançamento e para o próprio combate às minas anticarro estão, a cada momento, evoluindo em grande escala. Isso se dá tanto nos países atualmente em conflito quanto naqueles que já estiveram em guerra. No Brasil, existe grande estudo sobre a evolução e a neutralização das minas e dos artefatos explosivos, como forma de se adestrar nossos militares para futuros combates.
Apesar de o Brasil ser membro da convenção de Ottawa e do protocolo internacional sobre proibições ou restrições ao emprego de minas, armadilhas e outros artefatos, existe adestramento específico nesse tema para os militares da Arma de Engenharia, cuja missão está diretamente ligada à montagem de campos de minados e, por contrapartida, à sua destruição. Há, ainda, operações de desminagem humanitária nos países onde há campos minados abandonados, como na Colômbia e na Nicarágua.
Com todos esses estudos e adestramentos contínuos, os militares do Exército Brasileiro estão sempre preparados para cumprir qualquer missão desta natureza.
REFERÊNCIAS
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