A importância da observação do tiro de artilharia e de morteiro pesado por combatente de qualquer arma

A IMPORTÂNCIA DA OBSERVAÇÃO DO TIRO DE ARTILHARIA E DE MORTEIRO PESADO POR COMBATENTE DE QUALQUER ARMA

Figura 1: Observador Avançado na busca de alvos
Fonte: http://artilhariaemcombate.zip.net/
 

A Artilharia de Campanha tem como missão principal apoiar a força pelo fogo. Considerando os aspectos táticos ela realiza fogos de apoio aos elementos de manobra, fogos de contrabateria e de aprofundamento do combate como medidas para cumprir sua tarefa.

Na execução do apoio de fogo em qualquer situação a Artilharia deve proporcionar volume e potência de fogo, nos locais e nos momentos necessários ao combate. Para seu funcionamento, vale-se da execução e da integração de seus subsistemas, os quais são: linha de fogo, topografia, central de tiro, observação, meteorologia, busca de alvos e comunicações.

Nessa integração, cabe ao subsistema observação conduzir e ajustar tiros sobre alvos de interesse para o cumprimento da missão das tropas apoiadas. Para executar seu propósito, este subsistema utiliza os Observadores Avançados (OA), que tem como incumbência servir como elementos responsáveis por levantar alvos e informações sobre o inimigo, acompanhar o combate junto aos comandantes de subunidade, serem os elementos mais próximos à linha de contato com o inimigo, formar uma rede de informações e servir como elemento de ligação da artilharia com a tropa apoiada.

Os OA de artilharia são fornecidos pela unidade de artilharia orgânica daquela Grande Unidade, sendo que cada SU recebe um OA. No caso dos OA de Morteiro Pesado 120mm (Mrt P) cabe a própria tropa apoiada fornecê-los. Dessa forma, serão militares oriundos das armas de Infantaria e Cavalaria, e terão as mesmas atividades e responsabilidades dos OA de artilharia.

Figura 2: Observador Avançado durante a 2ª Guerra Mundial
Fonte: https://www.military.com/off-ty/books/2013/10/14/new-book-highlights-forward-observers-in-wwii.html
 

Durante o desenrolar das operações, existem uma infinidade de situações que influenciam no trabalho dos OA, tais como: postos de observação que não possuem grande amplitude de observação, limitação das comunicações ou baixas na equipe de observação. Dessa maneira, é imprescindível que existam militares em contato visual com os alvos e que estejam aptos a conduzir o tiro e, para isso, os mesmos devem saber os procedimentos e técnicas mínimos para a correta condução do tiro, pois devem analisar os alvos, corrigir os disparos e avaliar os danos.

O desconhecimento da técnica de observação pelos militares de primeiro escalão, durante o combate, impossibilita um Ap F preciso, oportuno e eficaz em proveito da arma-base, além de dificultar o controle de danos.

No caso particular do Pelotão de Exploradores cresce de importância que todos os militares estejam aptos a conduzir os tiros. Apesar de não ter por missão precípua se engajar decisivamente com o inimigo, deve reconhecer, explorar e esclarecer, monitorando sempre a atividade inimiga no terreno. Além disso, opera em uma área mais à frente de sua Unidade em até 2 km e nessa situação não haverá OAs em condições de conduzir os fogos, pois os mesmos estarão acompanhando a manobra da subunidade em apoio que está mais a retaguarda. Nesse contexto, pode em algum momento necessitar do Ap F, o que torna necessário a existência de militares com conhecimento técnico da condução.

Durante o Estágio Tático do Pelotão de Explorados, o qual é realizado no Centro de Instrução de Blindados, os militares integrantes da fração realizam exercícios de condução de fogos em ambiente simulado, abrangendo diversos contextos táticos, para que tomem conhecimento das ligações existentes e para se adestrarem nos procedimentos da condução.

Figura 3: Exercício de monitoramento do terreno
Fonte: Comunicação Social do CI Bld
 

Outro caso que necessita de atenção é o relacionado ao combate em áreas humanizadas que por se tratarem de locais com maior densidade populacional e a maior presença de edificações tem efeitos colaterais de maior amplitude. Nessas áreas a compartimentação no terreno limita sobremaneira a visibilidade, em muitas vezes a tropa só terá vistas no quarteirão ou na rua que estiver atuando, dessa forma haverá necessidade de todas as tropas empregadas estarem em condições de conduzir os tiros em proveito de sua missão. Tendo em vista evitar danos desnecessários, tanto aos civis como as tropas amigas, os fogos devem ser muito mais precisos e nesse contexto somente com munições inteligentes ou com elementos junto ao objetivo orientando os disparos essa situação será possível.

Figura 4: Soldados dos EUA ocupando PO no Afeganistão
Fonte: https://usmcinfantrybrothers.wordpress.com/2015/11/12/u-s-marine-corps-forward-observer/
 

Se analisarmos os combates do passado em relação aos da atualidade, veremos o crescimento da importância da observação dos fogos durante as operações como fator preponderante para o sucesso ou para a derrota. Os fogos utilizados adequadamente podem decidir o combate, mas, para isso, é necessário que a rede de observação se estenda por toda a frente de combate através dos OA e dos militares em contato com o inimigo. Além da amplitude da rede de observação, as habilidades e os conhecimentos de condução devem ser treinadas e manutenidas por todos os elementos de manobra, para que os fogos em apoio nunca sejam interrompidos.

 

AÇO, BOINA PRETA, BRASIL!

Augusto Ravanello Duque – 1º Ten
Instrutor do CI Bld
Carlos Alexandre Geovanini dos Santos – Ten Cel
Comandante do CI Bld