A simulação virtual tática para fins militares, é um ramo da simulação virtual que tem como plataforma a utilização de sistemas computadorizados dotados de softwares que reproduzem situações de combate.
Possui como foco principal o desenvolvimento cognitivo do instruendo, proporcionando a ele a possibilidade de desenvolver as reações e atitudes mentais diante de determinados cenários de combate.
É amplamente utilizada nos dias atuais, sendo adotada por diversos países do mundo e também pelo Exército Brasileiro como ferramenta de apoio ao ensino e ao treinamento militar.
A simulação virtual tática apresenta inúmeras vantagens para a instrução militar:
a) Fornece um ambiente seguro, controlado e de baixo custo no qual o aprimoramento das capacidades de combate podem ser otimizados no ambiente ao vivo;
b) Possibilita a integração das diversas funções de combate e a utilização de uma infinidade de meios que, em uma situação real, seriam difíceis de reunir e gerariam elevado custo;
c) Pode ser acompanhada facilmente por uma equipe de especialistas que controlam e avaliam as atividades, reproduzindo os resultados positivos e negativos posteriormente aos instruendos através das ferramentas de análise pós-ação;
d) Diminui a necessidade de utilização de campos de instrução preservando áreas e colaborando com a preservação do meio ambiente;
e) minimiza a necessidade de controle e gestão de danos a estruturas existentes, como estradas e cercas;
f) Consegue simular de maneira limitada, porém satisfatória, a execução de atividades de alto risco como abertura de brechas, transposição de cursos d’água, além dos efeitos dos fogos inimigos sobre a tropa e sua consequente degradação.
Trabalhando com a simulação virtual tática desde 2009, o Centro de Instrução de Blindados possui uma metodologia própria e extremamente consolidada na condução desse tipo de simulação. Utiliza os softwares Steel Beasts e Virtual Battle Space 3 para os cursos e estágios que se desenvolvem durante o ano de instrução.
Os softwares são empregados no ensino, tendo destaque no aprimoramento de capacidades como:
a) comando, controle e consciência situacional;
b) técnicas de progressão e formações de combate;
c) técnicas de ocupação de posição de tiro com blindados;
d) preparação, planejamento e execução do apoio de fogo nível subunidade;
e) exploração rádio;
f) técnicas de ação durante o contato;
g) técnicas de ação imediata;
h) utilização e ocupação do terreno para observação e tiro;
i) identificação de blindados;
j) técnicas de prevenção de fratricídio;
k) trabalhos de apoio ao movimento (transposição de obstáculos e aberturas de brecha);
l) ordens fragmentárias;
m) operações ofensivas;
n) operações defensivas; e
o) reconhecimento e segurança; entre tantos outros.
Os equipamentos utilizados para a simulação virtual tática são computadores e periféricos comuns, de uso civil e que se assemelham, em baixo nível de fidelidade, com punhos e comandos dos carros de combate, viaturas e armamentos reais. Isso se deve ao fato dos simuladores virtuais táticos serem apropriados para o desenvolvimento de atividades para líderes de subunidades e pequenas frações como pelotões e seções, cujas características são: foco no domínio cognitivo e não no psicomotor do instruendo, retirando assim a obrigatoriedade de aprendizado de habilidades específicas de operação dos MEM; número significativo de participantes, gerando cerca de 40 a 120 entidades em um cenário virtual; e, em consequência dessa última característica, a necessidade de reduzido custo no hardware.
A fidelidade dos simuladores virtuais de alto nível seria inviável para a simulação tática pois geraria um gasto elevado de recursos. A simulação virtual de alto nível é portanto útil no treinamento de indivíduos e pequenas guarnições em funções específicas como atiradores e comandantes de carros de combate, onde o desenvolvimento do aspecto psicomotor é bastante exigido.
Podemos concluir portanto que a simulação virtual tática é uma excelente ferramenta de ensino, na preparação dos Comandantes de pequenas frações e no treinamento coletivo. Contudo ela é uma peça no processo e deve ser complementada, de maneira padronizada em todo o Exército, por outros tipos de simulação virtual nível individual e guarnição, pela simulação viva, pela simulação construtiva e principalmente pelos indispensáveis exercícios no terreno.
AÇO, BOINA PRETA, BRASIL!
Victor Emanuel Neves Ferreira – 1° Ten
Instrutor do CI Bld
Ádamo Luiz Colombo da Silveira – Cel
Comandante do Centro de Instrução de Blindados.