A modernização do dispositivo de simulação e engajamento tático BT-41 (DSET BT-41) e o ganho na instrução das guarnições blindadas

A modernização do dispositivo de simulação e engajamento tático BT-41 (DSET BT-41) e o ganho na instrução das guarnições blindadas

 

 

Figura 1: Equipamento DSET
Fonte: O autor
 

Os Dispositivos de Simulação de Engajamento Tático (DSET BT-41), desenvolvidos pela empresa SAAB na década de 80, fazem parte da simulação viva que é a modalidade na qual são envolvidas pessoas reais, operando sistemas reais, no mundo real, com o apoio de sensores, dispositivos apontadores laser da classe 1, inofensivos ao corpo humano, computadores, painéis de controle, impressoras e outros equipamentos que permitem acompanhar o elemento e simular os efeitos dos engajamentos.

Simulam, por meio de feixes laser, a trajetória balística da munição e o impacto no alvo, permitindo o engajamento de alvos estacionários ou em movimento, assim como o duelo entre blindados.

Os DSET são os equipamentos que mais se destacam nessa modalidade, sendo considerados o estado da arte para a formação das guarnições blindadas, pois é o tipo de simulação que está mais próxima da realidade.

Atualmente, os RCC e o CI Bld são as OM que possuem os conjuntos do BT-41. Ele possibilita o treinamento em dois modos: o de instrução e o modo duelo.

No modo instrução, o foco é voltado para o treinamento do atirador, comandante do carro, auxiliar do atirador e motorista, que são os militares da guarnição do carro de combate. Nos exercícios, prismas são fixados em alvos pop-up de diversas naturezas tais como: carro de combate, viatura blindada de transporte de pessoal, viaturas, tropa, arma anticarro, e em alvos móveis. Nesse modo há um nítido aumento da proficiência da guarnição, pois é possível repetir os exercícios sem restrição de munição; interagir com o carro de combate criando uma simulação mais realista; empregar o carro de combate em todos os níveis e modos de operação; empregar o armamento principal e metralhadora coaxial; acompanhar das atividades dos instruendos e utilizar de diversos tipos de alvos.

Já no modo duelo, em cada carro de combate, são instalados quatro sensores na torre, fechando os 360° e um sensor na parte frontal do chassi. Nesse modo, o foco do treinamento passa a ser tático.

Atualmente, os resultados dos exercícios são extraídos de uma impressora térmica com todos os dados no idioma alemão, devendo estes serem reportados ao instrutor após cada evento. Isso faz com que não haja uma interferência imediata por parte do instrutor o que prejudica o Instrutor Avançado de Tiro, que é o militar especializado que conduz os exercícios.

 

Figura 2: Tela da estação do instrutor
Fonte: O autor
 

Visando dar uma sobrevida ao equipamento e um melhor acompanhamento por parte do instrutor, foi firmado um convênio entre a Universidade Federal de Santa Maria, o Departamento de Ciência e Tecnologia e o Centro de Instrução de Blindados para a modernização ao custo de aproximadamente 2.000.000,00 reais de 42 equipamentos e o desenvolvimento de 3 estações do instrutor.

O projeto, que se encontra em fase de conclusão, está sendo conduzido pelos Professores da UFSM: Andrei Piccin Legg, Doutor em Engenharia Elétrica e Coordenador Chefe do projeto; Osmar Marchi dos Santos, Doutor em Computação; Cesar Tadeu Pozzer, Doutor em Informática; e Renato Machado, Doutor em Telecomunicações, com apoio de militares do CI Bld. Consiste em eliminar a impressora, implementar um sistema de transmissão de dados via rádio para uma estação do instrutor e adicionar o georreferenciamento de todas as viaturas envolvidas no exercício.

Com a modernização, o instrutor poderá carregar diversos mapas do território nacional e permitirá, através do seu computador, acompanhar em tempo real, a localização dos elementos participantes do exercício, e com linhas tracejadas ou contínuas a realização de todos os eventos.

Outros dados, específicos de um carro de combate ou de toda fração, poderão ser acompanhados e analisados em uma linha do tempo também na mesma tela do mapa. Dados esses com as principais ações realizadas pela guarnição, tais como: o nível de operação selecionado; a distância laser no Sistema de Controle de Tiro (SCT); se a munição selecionada está apropriada para o alvo apresentado; o tempo da taquimetria; o disparo; o local onde o tiro impactou em direção e elevação; o dano causado na viatura impactada. Possibilita também a gravação do exercício, o que facilita a realização da análise pós ação.

 

Figura 3: Equipamento DSET instalado no CC
Fonte: O autor
 

Em virtude do que foi mencionado, não resta dúvida de que a modernização dos DSET trará um enorme ganho nos treinamentos das guarnições blindadas, aproveitando um equipamento já existente, não onerando altos gastos com a compra de novos dispositivos para esse fim tão importante na instrução das tropas blindadas que é a simulação viva.

 

Fonte:

- Ausbildungsgerät Duellsimulator KPz Leopard 1 A5 (Manual de Operação do DSET)

- Artigo sobre A simulação de combate no adestramento do Exército Brasileiro - Maj Cav Alessandro Fagundes de Souza;

 

 

 

AÇO, BOINA PRETA, BRASIL!

Altair José Steffen - 1º Sgt Cav
Monitor do CI Bld
Carlos Alexandre Geovanini dos Santos - Ten Cel
Comandante do CI Bld