Emprego da lagarta de borracha na VBTP M113 BR

Emprego da lagarta de borracha na VBTP M113 BR

 

Figura 1: VBTP M113 BR
Fonte: http://defence-blog.com/army/bae-to-upgrade-236-brazil ian-m113-apcs.html
 

A VBTP M113, empregada desde a década de 60 e de origem norte americana, consagrou-se no cenário mundial por sua versatilidade, manutenção de baixo custo, além de sua capacidade anfíbia.

No Brasil, o blindado chegou no início dos anos 70 para mobiliar os batalhões de infantaria blindados, antigos batalhões de carros de combate leve, passando por uma série de processos de modernização ao longo dos anos, resultando no modelo atual M113 BR.

Modernizado pelo Parque Regional de Manutenção 5 (Curitiba-PR), os M113 receberam uma série de complementos, dentre os quais destaca-se a implementação, em algumas viaturas, da lagarta de borracha Rubber track da empresa canadense Soucy. Ressalta-se que, a aplicação da lagarta não estava prevista no projeto de modernização e no entanto, no transcorrer das modificações, a BAE System propôs ao Exército Brasileiro a instalação para testes.

O emprego da lagarta de borracha nas forças armadas estrangeiras começou no ano de 2003 nos veículos blindados BV 206. Já em 2004, começaram a ser empregados nos blindados M113 do Exército Norueguês em substituição as lagartas T 130, no qual obteve bom desempenho em operações, sendo uma boa alternativa para minimizar os danos causados à tropa embarcada e um menor desgaste nos equipamentos empregados no blindado.

 

Figura 2: BV 206 Ambulância
Fonte: http://warfaretech.blogspot.com/2014/06/band-tracks.htmlB V206
 

Segundo estudo realizado por Dan Goure, analista militar do Instituto Lexington, centro de estudos em Arlington, Virgínia, mostra que a vibração e ruídos causados pela lagarta convencional podem causar, por longo período de exposição, desconforto à tropa embarcada tais como: náuseas, dores de cabeça e fadiga. Além disso, os altos níveis de trepidação da lagarta transmitem tensões que desgastam o equipamento dentro do blindado, especialmente os eletrônicos.

O Exército Brasileiro ao receber a proposta da BAE System realizou por intermédio do 20º Batalhão de Infantaria Blindado (Curitiba-PR) testes na lagarta de borracha com os objetivos de levantar subsídios necessários para assessorar decisões futuras. Buscou experimentar e analisar o material, sua eficiência, dirigibilidade, resistência e operacionalidade. Para realização dessa atividade foram utilizadas duas viaturas M113, uma com a lagarta T 130 e a outra com a lagarta de borracha da empresa Soucy. A VBTP dotada com a lagarta de borracha, segundo relatório apresentando pelo 20º BIB, apresentou menor vibração, obteve melhor aceleração, uma economia de combustível de aproximadamente de 10%, melhor aderência na estrada e uma melhor resposta nas curvas. Além disso, sua vida útil é de aproximadamente 7.000 km enquanto que a lagarta convencional a durabilidade de cada almofada é de 500 km. No entanto, observou-se que em alguns pontos escorregadios a lagarta de borracha resvalava, não se mantendo exatamente no percurso da pista percorrida pela lagarta convencional. Além disso, a viatura não obteve bom desempenho no teste de navegabilidade.

A BAE System, ao tomar ciência dos testes realizados, enviou o relatório à Soucy, que por sua vez, analisou e enviou ao Exército Brasileiro a proposta da versão da lagarta de borracha utilizada na VBTP M113 A3, uma lagarta que atendia os requisitos operacionais avaliados pelo Exército. Consequentemente, após os ajustes devidos, o Exército Brasileiro adquiriu quatorze pares do novo modelo e distribuiu aos batalhões de infantaria blindados.

Para a implantação da lagarta no M113 BR, necessitou-se várias modificações no trem de rolamento como: a substituição da polia motora por uma composta de uma liga de plástico e nylon, polia tensora com uma banda de borracha na parte que entra em contato com a lagarta para diminuir o atrito, além de um novo braço tensor que possui uma pré carga de nitrogênio que funciona como uma mola para proteger a lagarta na hora do deslocamento.

 

Figura 3: VBTP M113 com lagarta de borracha
Fonte: O autor
 

Percebe-se, portanto, que a utilização da lagarta de borracha em blindados tornou-se uma alternativa viável para minimizar o desgaste da tropa e do material. Mesmo possuindo algumas desvantagens pode ser uma alternativa para a lagarta convencional pelo seu emprego e eficiência.

 

 

 

AÇO, BOINA PRETA, BRASIL!

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