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            A tropa de Cavalaria Mecanizada (C Mec) possui, por suas características, uma grande capacidade de emprego nas diversas operações, principalmente no cenário do combate moderno.
             As principais missões às quais esta tropa se destina são as operações de Reconhecimento e Segurança, sejam estas no contexto das operações ofensivas ou defensivas. É considerada, para efeito de planejamento e emprego operacional, uma tropa blindada leve, sendo suas frações, as mais aptas a realizar missões de aproveitamento do êxito e de perseguição, tendo em vista as características do material de que são dotadas.
             São elencadas como principais características da tropa C Mec a mobilidade, a potência de fogo, a proteção blindada, a ação de choque, o sistema de comunicações amplo e flexível e a flexibilidade. Todas estas características possibilitam à tropa C Mec realizar qualquer tipo de reconhecimento em largas frentes e grandes profundidades; cumprir missões de segurança; realizar operações de contra reconhecimento; realizar ligações de combate; ser empregado na segurança da área de retaguarda (SEGAR); nas operações de junção e realizar incursões.
             Em um cenário de normalidade o Regimento de Cavalaria Mecanizada (RC Mec) será empregado com sua organização original, empregando os Esquadrões de Cavalaria Mecanizada (Esqd C Mec), estruturados em seus Pelotões de Cavalaria Mecanizada (Pel C Mec). Entretanto, a missão, o terreno e o inimigo, poderão impor a necessidade de serem modificadas as estruturas básicas da unidade e/ou dos esquadrões, reforçando-os ou retirando-lhes Pel, ou ainda, organizando-se as SU e Pel com estruturas provisórias, melhorando a adaptação às situações especificas do combate. Poderão surgir, então, necessidades de se aumentar algumas capacidades da tropa C Mec para o cumprimento dessas missões.
             As Unidades (U) e Subunidades (SU) que adotarem composições provisórias, em determinadas situações de sua manobra, passarão a ser Pel ou SU homogêneas de exploradores (Pel/SU Exp), de viaturas blindadas de reconhecimento (Pel/SU VBR), de fuzileiros blindados (Pel/SU Fuz Bld) ou de morteiros médios (Pel/SU Mrt). A adoção destes tipos de formação proporciona uma concentração dos meios de mesma natureza, dentro das frações C Mec, sob um comando mais centralizado para as ações futuras.
             Analisando-se a estrutura de um Esqd C Mec, pode-se identificar diversas capacidades que as formações provisórias propiciam durante uma manobra. Partindo-se da configuração inicial dos 03 (três) Pel C Mec (cada um com 01 G Exp, 01 Seç VBR, 01 GC e 01 Pç Ap) e da Seç Cmdo que existem no Esqd C Mec, pode-se chegar a algumas formações provisórias e com frações homogêneas em pessoal e material.
             O primeiro exemplo de fração que pode ser constituída é o Pel Exp. Este seria formado pelos três G Exp oriundos dos Pel do Esqd, somando-se 12 (doze) Viaturas Blindadas Leves (VBL) e seria comandado por um dos Cmt Pel C Mec da SU com mais uma VBL. Esta fração possibilitaria ao Cmt SU uma maior capacidade de exploração, com um pelotão possuidor de grande furtividade, uma maneabilidade rápida e dispersa e uma boa capacidade de combater a pé.
             Outra opção de pelotão provisório é a formação do Pelotão de Viaturas Blindadas de Reconhecimento (VBR). Este seria formado pelas 03 (três) Seções VBR, somando-se 06 (seis) VBR e seria comandado por um dos Cmt Pel C Mec da SU embarcado em mais uma VBR (utilizar-se-ia a do Cmt SU). Este pelotão tem por características possuir uma maior proteção blindada, um maior poder fogo e, consequentemente, maior ação de choque. São pelotões de ótimo emprego para quando a situação exigir a realização de um ataque ou um contra-ataque.
             No caso do Pelotão de Fuzileiros Blindado (PelFuz Bld), este seria formado pelos três Grupos de Combate (GC) dos Pel do Esqd, utilizando 03 (três) Viaturas Blindadas de Transporte de Pessoal (VBTP) e teria como comandante um dos Cmt Pel C Mec da SU embarcado em uma VBL para poder acompanhar e coordenar o movimento da fração. Este Pel propicia ao Cmt SU uma fração com grande capacidade de combater e progredir a pé, utilizar-se de relativa proteção blindada das VBTP e de possibilitar uma melhor consolidação a pé ou embarcada de um objetivo.
             Para completar, a última fração a ser mobiliada seria o Pelotão de Morteiro Médio (Pel Mrt Me). Este será formado pelas 03 (três) Peças de Apoio (Pç Ap) dos Pel C Mec acrescidas pela Seção de Morteiro Médio (Seç Mrt Me) da Seção de Comando da SU, que possui 02 (duas) peças de Mrt, totalizando 04 (quatro) VBTP. No comando desta fração, pode surgir a figura do subcomandante de SU, utilizando-se de uma das VBL dos Cmt Pel. Desta forma, o Cmt SU possuirá uma fração apta à realizar uma preparação do terreno antes de uma ação, bater por fogos posições inimigas, pontos sensíveis, vias de acesso (VA) em localidades ou prestar um apoio de fogo às frações em contato com o inimigo.
             Ao adotar-se as formações provisórias, novas demandas são exigidas do Escalão Superior. Surgirá a necessidade de se reorganizar as estruturas de apoio do Rgt/Esqd, em função das novas implicações de caráter logístico (mudanças de efetivo, necessidades de suprimento classe III (combustíveis e lubrificantes), classe V (armamento e munição), tipos de pacotes logísticos e de manutenção) e de coordenação e controle da OM/SU.
             Cabe ressaltar que, para ter a capacidade de compor Pel provisórios, o Rgt/Esqd deve possuir uma NGA (Normas Gerais de Ação) exequível, de fácil entendimento e fazer com que essas frações provisórias sejam constantemente adestradas.
             Com isso, fazer com que os integrantes dessas frações, não permanentes, se conheçam e criem espírito de corpo, evitando, assim, um confronto de informações e possibilite que as ordens sejam recebidas da forma mais clara possível. Tudo isso, minimizando as diversas vulnerabilidades que essas frações adquiriram ao abandonarem a configuração inicial do Pel C Mec.
             Lembrando-se que, tão logo a situação retorne à normalidade do combate, as frações constituídas devem retomar sua configuração inicial, evitando-se a perda da unidade de comando das frações e colaborando para que o planejamento das ações subsequentes não seja afetado pela descentralização dos meios.
             Por fim, conclui-se que a grande flexibilidade da tropa C Mec, quando comparada aos demais exércitos do mundo, está devidamente atualizada. Tropas modernas de diversos países têm buscado a interação da tropa C Mec com a tropa Blindada, principalmente nas batalhas em multi domínio. Desta forma, exaltamse as amplas possibilidades das Brigadas C Mec, pois podem mesclar seus RC Mec com os Regimentos de Cavalaria Blindada (RCB) orgânicos, proporcionando este moderno espectro de manobra há bastante tempo em prol do Exército Brasileiro.

AÇO, BOINA PRETA, BRASIL!


Anderson Medeiros Demutti – Cap
Instrutor do CI Bld
Ádamo Luiz Colombo da Silveira – Cel
Comandante do Centro de Instrução de Blindados.