O Remuniciamento no GAC Blindado

O Remuniciamento no GAC Blindado

Figura 1: Artilharia Inglesa na 2ª Guerra Mundial
Fonte: Infospravy.sk

A Logística, um dos elementos do poder de combate da Força Terrestre, é fundamental para a busca e manutenção da iniciativa dentro do Teatro de Operações (TO). Dessa forma, exerce papel determinante na amplitude e duração das operações terrestres, contribuindo para a liberdade de ação dos comandantes táticos e aumentando a gama de possibilidades para o cumprimento de suas missões de combate.

Nas Brigadas Blindadas (Bda Bld) o emprego das Forças – Tarefas (FT) se baseia no uso sinérgico do fogo e da manobra. De acordo com o C 17-20 Forças – Tarefas Blindadas, “O apoio de fogo é um dos principais recursos de que dispõe o comandante para intervir no combate”. Para que possa empregá-lo onde, quando e como julgue mais conveniente, o sistema apoio de fogo deve estar perfeitamente integrado à função manobra. Dessa forma, possibilita-se aos Carros de Combate (CC) e aos Fuzileiros Blindados (Fuz Bld) cerrarem sobre o inimigo a fim de destruí-lo, utilizando o fogo, a manobra e a ação de choque, obtendo resultados decisivos.

Sendo assim, o suprimento regular e eficiente de munição é indispensável para que a Artilharia possa prestar o apoio contínuo e cerrado às tropas em primeiro escalão.

Nos Grupos de Artilharia de Campanha (GAC), o levantamento da necessidade de suprimento classe V - Munição (Cl V - Mun) é consequência de dois fatores: a munição para consumo imediato e o recompletamento da dotação orgânica (DO). Essa necessidade é informada ao Escalão Superior (Esc Sup) que estimará a quantidade de munição necessária à operação, repassando esse dado ao Esc Apoiador imediatamente superior.

Determinada a quantidade de munição a receber, o GAC será suprido em sua Área de Trens (AT) enquanto houver suprimento Cl V – Mun disponível dentro do crédito do Grupo de Artilharia na unidade logística.

De posse das munições, o GAC inicia a distribuição desse suprimento para as suas Baterias de Obuses (BO), que necessitam de um fluxo contínuo de Cl V para cumprir a missão de prestar o apoio ininterrupto e cerrado às peças de manobra.

Figura 2: Tiro da Bateria de M 109
Fonte: Exército Brasileiro

Uma possibilidade para a manutenção desse fluxo contínuo de munição para as Subunidade de Tiro (SU Tir) é a realização de troca das viaturas remuniciadoras (Vtr Remun) dessas SU pelas Vtr Remun da Bateria Comando (BC) do GAC.

A substituição de Vtr Remun pode ocorrer em duas situações distintas, quais sejam:

1) Quando o ressuprimento é autorizado anteriormente ao consumo, as Vtr Remun das BO descarregam as munições para as peças e se deslocam para realizar a troca pela Vtr Remun da BC.

2) Quando o ressuprimento é autorizado após o consumo, não há necessidade do descarregamento das Vtr Remun, pois a munição a ser recebida pelas BO será a necessária ao recompletamento da DO.

Quanto ao local do ressuprimento, pode-se realizar em três locais diferentes:

1) na Área de Trens de Combate (ATC) do GAC, para onde as Vtr Remun das BO se deslocam e recebem a munição prevista;

2) na Área de Trens da Subunidade (ATSU), ocasião em que as Vtr Remun da BC se deslocam até as BO; e

3) no Ponto Intermediário Logístico (PIL), onde pode ser feita a troca das Vtr Remun. Assim, as Vtr das BO se deslocam até o PIL e realizam a troca das suas Vtr Remun pelas da BC.

A decisão de qual o local ideal para realizar a atividade de ressuprimento será consequência do estudo de situação do Cmt.

Uma vez recebida a munição nas BO, existe a necessidade desse suprimento chegar até as peças. Essa responsabilidade é da Turma de Remuniciamento (Tu Remun) da SU e deve ser realizado em um local seguro, a fim de não comprometer a segurança da posição da SU.

Cabe ressaltar que o GAC pode se desdobrar de diversas maneiras¹, sendo o 4º processo o mais seguro contra a sua identificação por parte dos meios de busca de alvo do inimigo.

Nesse processo, as BO (SU Tir) ocupam diferentes posições, separadas e distantes da BC. Apesar de dificultar o comando e controle, preservam-se os meios e estruturas de cada SU contra o ataque inimigo, principalmente os fogos de contrabateria.

Figura 3: 4º Processo de desdobramento de U Art
Fonte: C 6-1 Emprego de Artilharia de Campanha

Sendo assim, pode-se ocupar uma Área de Posição, como ocorre no Grupo de Mísseis e Foguetes (GMF). Essa opção de ocupação requer, no mínimo, duas posições de tiro, uma posição de espera, uma posição de remuniciamento e uma posição de levantamento meteorológico.

Dentro da posição de remuniciamento é realizado o ressuprimento das Vtr Remun da SU para as peças de artilharia, a fim de deixá-las em condições de prestar o apoio imediato. Tal processo permite segurança para as SU e, consequentemente, para o GAC, permitindo que as BO entrem nas posições de tiro somente quando estiverem dotadas de munição e prestes a realizar o Apoio de Fogo. Assim, expõe-se o mínimo de tempo possível ao inimigo.

Considerando o recebimento das VBTE Remun M992 A2, no contexto do projeto da VBCOAP M109 A5+ BR, é de suma importância o estudo dessa atividade logística em consonância com a doutrina já consolidada pelo GMF, ressalvados o emprego e as características do material.

Figura 4: Atividade de suprimento com M99A2
Fonte: www.fas.org

Desta feita, cabe ressaltar que, com o recebimento das VBCOAP M109 A5+ BR, cresce de importância a preocupação com a segurança dos meios devido a essa SU possuir componentes que o tornam um alvo compensador no combate. Sendo assim, a atividade de ressuprimento com a VBTE Remun M992 A2 é um momento crítico para a SU, devendo assim, ser detalhadamente planejada e executada pelos Cmt em todos os níveis.

 

1- Existem 4 processos, sendo que a decisão do comandante será pautada na facilidade de comando e controle ou na segurança proporcionada à sua tropa.

 

 

 

AÇO, BOINA PRETA, BRASIL!

Eduardo Caldeira de Faria Rodrigues – Cap
Instrutor do CI Bld
Carlos Alexandre Geovanini dos Santos – Ten Cel
Comandante do CI Bld