Sistema Vigia do Motor da VBTP EE-11 URUTU e da VBR EE-9 CASCAVEL

Sistema Vigia do Motor da VBTP EE-11 URUTU e da VBR EE-9 CASCAVEL

Figura 1: VBTP EE-11 URUTU e VBR EE-9 CASCAVEL
Fonte: http://mapio.net/pic/p-121875962

 

A VBTP (Viatura Blindada de Transporte de Pessoal) EE-11 URUTU e a VBR ( Viatura Blindada de Reconhecimento) EE-9 CASCAVEL, foram projetadas e entraram em produção na década de 70 pela empresa Engesa. A primeira, um veículo anfíbio, utilizado para transporte de pessoal, possuindo ainda outras aplicações no meio militar, como ambulância e oficina. A segunda, um veículo desenvolvido para missões de reconhecimento, inicialmente portando um canhão de 37 mm, e por fim evoluiu para uma torre produzida pela Engesa com um canhão 90 mm.

Ambas viaturas, por terem chassi montado sobre rodas, possuem alto desempenho em terra e a VBTP EE-11 URUTU também alto desempenho em água. São equipadas com um sistema de tração total, ou seja, possibilidade de tração 6x4, 6x6 e bloqueio do diferencial traseiro, este montado com um sistema de boomerang¹ e suspensão dianteira independente. Este tipo de suspensão, tanto traseira como dianteira, permite a VBTP URUTU e a VBR CASCAVEL enfrentarem terrenos de difícil deslocamento, absorvendo os impactos e garantindo o desempenho exigido para estes tipos de viaturas.

No que se refere ao motor, são equipadas com o motor da fabricante Mercedes Benz do Brasil, modelo OM 352 A, 6 cilindros em linha, diesel 4 tempos, injeção direta, turbo alimentado. Na VBTP URUTU localizado na dianteira, ao lado direito do motorista e na VBR CASCAVEL localizado na parte traseira da viatura.

As viaturas, ao longo de sua fabricação, sofreram diversas alterações de séries e modelos. No ano de 2005, o Parque Regional de Manutenção da 3ª Região Militar (PqRMnt/3) recebeu viaturas da família URUTU e CASCAVEL para realizar a revitalização/manutenção (Fig. 2).

Figura 2: Área de manutenção do PqRMnt/3 das VBTP EE-11 e VBR EE-9
Fonte: O autor

 

Naquele Parque, as viaturas foram totalmente desmontadas, sendo as carrocerias enviadas para uma empresa terceirizada a fim de ser realizado o jateamento e pintura e os demais conjuntos passaram por reparação no próprio PqRMnt/3. Em relação aos motores, alguns foram recuperados por completo, e constatou-se a necessidade de desenvolver um sistema, juntamente, com os já existentes nas viaturas, como manômetros e lâmpadas, ''indicadores de baixa pressão e alta temperatura no sistema de arrefecimento do motor''. Verificou-se, ainda, que os instrumentos indicadores das viaturas estavam localizados em local de difícil visibilidade por parte do motorista, e que, diante de uma pane, dependeria da ação do motorista para interromper o funcionamento do motor.

Após estudo preliminar do sistema de aceleração do motor, partiu-se para execução do projeto propriamente dito, sendo instalado no sistema de aceleração da bomba injetora um cilindro pneumático, com a finalidade única de baixar a rotação do motor para marcha lenta, assim que o motor apresentar sintomas de baixa pressão do óleo lubrificante ou alta temperatura no sistema de arrefecimento.

Foi substituído o tirante de acionamento da aceleração da bomba injetora por um cilindro pneumático de ação dupla. Este ligado por mangueiras a um solenóide que recebe o sinal elétrico de dois sensores, um ligado ao sistema de lubrificação e o outro ao sistema de arrefecimento do motor. Quando o motor, em funcionamento, apresentar baixa pressão no sistema de lubrificação ou alta temperatura no sistema de arrefecimento, o solenóide pneumático recebe tensão de 12 volts proveniente daqueles sensores, acionando, imediatamente, o cilindro pneumático que desacelera o motor, vindo este a ficar em marcha lenta. Nessa situação, o motorista fica impossibilitado de acelerar, o que permite a conferência dos instrumentos de painel e a identificação do que ocorrera e, tão logo possível, cortar motores para evitar um dano maior ao equipamento.

Dispositivos eficientes como esse instalado nas VBTP EE-11 e VBR EE-9 são de extrema importância para alertarem os operadores de blindados quanto as panes nas viaturas. Desta forma, poderá se prevenir um gasto elevado com a manutenção das viaturas em uso no Exército Brasileiro.

 

1- É um componente ENGESA concebido com a finalidade de equipar o veículo com 4 rodas motrizes traseiras por intermédio de um só diferencial.

 

 

 

AÇO, BOINA PRETA, BRASIL!

Jolcemar Guterres dos Santos – 1º Sgt MB
Monitor do CI Bld
Carlos Alexandre Geovanini dos Santos – Ten Cel
Comandante do CI Bld