A logística de uma unidade blindada é um assunto que carece de um aprofundamento doutrinário e da revisão dos meios de emprego, para que possa adequar-se às novas capacidades das forças, e do espectro de operações que deverá se submeter no futuro.
              Conforme o manual de Logística EB 20- MC-10.204, a função de combate logística integra o conjunto de atividades, as tarefas e o sistemas inter-relacionados para prover apoio e serviços, de modo a assegurar a liberdade de ação e proporcionar amplitude de alcance e de duração às operações, englobando as áreas funcionais de apoio de material, de apoio ao pessoal e de saúde.
              Das três áreas funcionais que se destacam no estudo doutrinário descrito, elencamos a área funcional apoio de material e, em específico, o fluxo de suprimentos das classes III e V que possuem elevada demanda nas operações móveis com blindados.
              O combate ofensivo é a natureza vocacional das forças blindadas de qualquer Exército. Para a manutenção da iniciativa e ímpeto ofensivo, as forças blindadas devem estar bem supridas na hora e local oportunos.
              As ações ofensivas exigem elevada quantidade de munição e combustível devido aos grande movimentos táticos desencadeados pelas tropas blindadas que potencializam, no plano tático, o binômio poder de fogo e ação de choque característico dos blindados.
              Nos diversos exercícios vivenciados no trabalho direto com a tropa blindada, pode-se constatar as dificuldades da logística da subunidade e dos trens de combate da Força Tarefa Blindada.
              A dificuldade em ressuprir munição e combustível, através campo, dá-se pela utilização dos caminhões 5 ou mais toneladas sobre rodas, que não são os mais adequados para rodarem fora de estrada.
              Nesse sentido, é senso comum dos comandantes das subunidade de comando e apoio dos Batalhões de Infantaria Blindado ou dos Regimento de Carros de Combate, responsáveis pela logística das unidades blindadas do Exército Brasileiro, de que seus meios não são os mais adequados para tal fim.
              Na busca de soluções, os comandantes das subunidades responsáveis pelo apoio logístico dos batalhões recorrem à viatura M113, devido à sua mobilidade tática em qualquer terreno.
              Para o suprimento de munição e alguma evacuação de emergência, mesmo não preparado para tal fim, o M113 cumpre com restrições a missão, porém não soluciona a demanda do suprimento de combustível e lubrificantes (Cl III) e quando se faz necessário transportar o alto volume de munição destinado a uma força tarefa blindada.
              Desta forma tem-se a necessidade de viaturas sobre lagartas ou até mesmo sobre rodas, com mobilidade em qualquer terreno, para solucionar essa demanda, que se verifica constante em nossos exercícios e relatórios pós ação.
Fonte: http://www.forte.jor.br/2015/02/25/brigadas-de-tanques-do-chile-recebem-blindados-porta-combustivel/
            Uma alternativa recentemente adotada pelo exército chileno foi a viatura M548. A viatura vem sendo usada para transporte de munição e combustível, podendo transportar até 5 mil litros de combustível por vez.
            A utilização do M548 contribui na solução de uma lacuna existente hoje nas forças blindadas brasileiras, que é o suprimento de combustível através campo, nas posições de 1º escalão. Os caminhões, na maioria das vezes, não conseguem chegar à área de trens da unidade, ou nas posições de manobra dependendo das condições meteorológicas ou do solo.
            Além da mobilidade em qualquer terreno e da relativa capacidade em volume e peso de cargas, o M548 é uma viatura baseada num blindado utilizado em larga escala no Exército Brasileiro, o M113.
Fonte: http://www.forte.jor.br/2015/02/25/brigadas-de-tanques-do-chile-recebem-blindados-porta-combustivel/
            Da análise das potencialidades, a viatura M548, mostra-se interessante para solucionar os problemas relativos a alta demanda de suprimentos CL III e V nas Forças Tarefas Blindadas, pelo volume que podem transportar e por sua mobilidade em qualquer terreno.
            Trata-se de uma alternativa viável, de relativo baixo custo e que otimizaria a logística das nossas unidades. As viaturas poderiam ser incluídas nos grupos de suprimento do pelotão de suprimento da subunidade de comando e apoio.
            Um estudo mais aprofundado da viabilidade de adoção de um veículo específico de suprimento para o Exército Brasileiro se faz necessário, podendo resultar da coleta da experiência de outros exércitos na utilização do veículo, ou de testes que poderiam ser executados nos nossos exercícios do ano de instrução.
            A logística das unidades blindadas é uma tarefa complexa e que demanda planejamento minucioso e meios adequados para sua satisfatória execução.
            Pensar e aplicar soluções para a logística de uma Força Tarefa Blindada não é algo simples. Porém, a operacionalidade e o sucesso de qualquer operação militar passa por uma logística eficiente, e na medida adequada à demanda esperada.
            Buscar soluções em materiais e novos procedimentos ajudarão o exército a solucionar problemas atuais e futuros de sua logística, alguns dos quais já verificados em exercícios no terreno.
            Nesse sentido, este artigo buscou despertar o interesse daqueles que pensam as ciências militares para tema relevante nesta área do conhecimento, que é a logística.