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Curso de Instrutor Avançado de Tiro da VBC CC Leopard 2A4 no Chile

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Curso de Instrutor Avançado de Tiro da VBC CC Leopard 2A4 no Chile

Figura 1: O Simbolo dos IAT Leopard 2A4
Fonte: CECOMBAC

1. O Curso

O Curso de Instrutor Avançado de Tiro do Leopard 2A4 ocorreu na Republica do Chile, na cidade litorânea de Iquique, que possui uma população de 166.204 habitantes (2002). O curso teve a duração presencial de 01 (um) mês e 24 (vinte e quatro) dias, no Centro de Entrenamiento de Combate Acorazado del Ejército de Chile (CECOMBAC) e contou com a participação de 10 alunos, sendo 09 (nove) chilenos e 01 (um) brasileiro. Dentre as diversas atividades desenvolvidas, um dos focos principais desse Curso é a preparação do militar Instrutor Avançado de Tiro, comumente chamado no Chile de Master Gunner, para desempenhar as atividades relacionadas à coordenação e correção do tiro da VBCCC Leopard 2A4, nos diversos exercícios de tiro real realizados naquele país.

O Curso está dividido em 2 (dois) módulos. O 1º Módulo possui 3 (três) disciplinas: Conhecimentos gerais da VBCCC Leopard 2A4 que engloba os diversos conhecimentos do Carro de Combate e sua operação. Geralmente para que se realize o Curso Master Gunner de Leopard 2A4, o militar deve possuir o Curso de Operação do mesmo; Técnica de Tiro, disciplina de maior importância e dificuldade do curso pela quantidade de conhecimento que engloba a mesma; e Correção em Zero e Colimação disciplina essa fundamental para o Máster Gunner na qual deve-se obter 100% de aproveitamento por parte do aluno.

O 2º Módulo consta de 05 (cinco) disciplinas: Treinamento em torre didática e sua operação; Simulador de técnica de combate onde o aluno pratica a teoria e técnica ensinada; Preparação do Carro de Combate para o combate, disciplina essa que ocorreu antes da partida para o deserto; Apronto Operacional, execução e avaliação do tiro real no polígono de tiro e por fim a Manutenção também avaliada.

Para fins de aprovação, os alunos deveriam atingir a média de 40 pontos, dentro dos 70 pontos totais do curso. Porém, por ordem do Comandante do CECOMBAC, que acreditava que este curso era o mais importante do Centro, a média foi alterada para 50 pontos, elevando assim o nível de dificuldades e estudos para os alunos participantes.

2. As avaliações realizadas no curso

Um dos pontos de maior diferença com relação aos cursos realizados no Brasil, necessitando de uma adaptação rápida de minha parte, foi a questão das avaliações realizadas. Grande parte das mesmas foram realizadas como apresentações no “powerpoint” e geralmente com o tempo de 15 a 30 segundos de exposição para cada questão. Nesse modelo, o aluno realiza a prova em 5 (cinco) minutos, em outros 5 (cinco) minutos é realizada a correção pelos instrutores e nos 5 (cinco) minutos finais já fica sabendo se está ou não aprovado na disciplina. Caso não seja aprovado, o aluno é submetido a uma recuperação e, em caso de nova reprovação, segue para um conselho de ensino onde realiza uma prova oral com o Comandante do CECOMBAC e, a partir dessa avaliação, pode ocorrer o desligamento ou não do militar.

Além disso, outra importante diferença com relação às avaliações do Brasil é que as provas se realizam no dia imediatamente após ao da instrução ministrada. Um aspecto negativo que considerei nessa metodologia foi o pouco tempo para a memorização do conteúdo e o processo de aprendizagem que cada aluno necessita para assimilar o que aprendeu, sem conseguir, muitas vezes, praticar a instrução.

3. Simuladores

É de valia salientar a grande importância que é conferida à disciplina com simuladores, na qual leva em conta o emprego de toda a teoria de tiro aprendida e o emprego da apurada técnica de tiro. Nesse contexto, o aluno realiza cenários diversos e ainda pratica a simulação, criando novos cenários para futuros cursos do centro. Essa fase do curso tem duração de 3 (três) semanas.

Cabe ressaltar, ainda, que o CECOMBAC possui 04 cabines de simulação da empresa alemã Krauss-Maffei Wegmann (KMW), onde pode-se treinar a guarnição. Além disso, o Centro possui uma torre didática de Leopard 2A4 semelhante a que o Brasil possui do Leopard 1A5.

Figura 2: Instrução de colimação
Fonte:O autor

4. Execução do tiro real avaliado

Um dos principais pontos que destaco foi a execução do tiro real da VBCCC Leopard 2A4. Até a realização desse curso, tive a oportunidade de realizar diversos tiros com as VBR Cascavel, VBCCC M41, VBCCC Leopard 1A1 e com a VBCCC Leopard 1A5 Br no polígono de tiro de Saicã, com um alcance em torno de 2.000 (dois mil) metros. No Polígono de tiro de Baquedano no Chile, localizado cerca de 100 km da cidade de Iquique e com uma altitude de 1200 metros, não existe um limite de alcance da munição. Em Baquedano pode-se utilizar o EMES (aparelho principal de pontaria do Leopard 2A4) em sua máxima capacidade (4 km), com alvos móveis a 3.800 metros e com o Carro de Combate estabilizado também em movimento.

Durante o exercício de tiro, cada aluno realizou 18 (dezoito) tiros avaliados em tempo e impacto no alvo. Desse modo, a minha principal dificuldade, por nunca haver atirado no deserto, foi a refração durante o dia, uma vez que realizei o tiro diurno cerca das 14:00 horas da tarde com um calor de 35°C e durante a noite a uma temperatura de 0°C. Devido a essa grande variação de temperatura, existe uma grande variação na munição utilizada pelo Carro de Combate (munições NAMMO, KE e MZ). Vale ressaltar que todos os alunos tiveram dificuldades, porém obtive um bom desempenho ficando entre os 3 (três) melhores do tiro real.

Figura 3: Tiro real da VBCCC Leopard 2A4
Fonte:O autor

Considerações Finais

Por fim, ressalto a importância da habilitação em idiomas por parte dos Oficiais e Sargentos de nosso Exército, uma vez que estar bem preparado no idioma é fundamental para participar de uma missão e de um curso operacional no exterior. No Chile, em momento algum tive alguma facilidade por parte dos instrutores daquele Centro por ser brasileiro e não ser um nativo na língua espanhola. Acrescento que estar em outro país, conviver com companheiros nativos da língua espanhola e conhecer a cultura e os costumes que lá habitam, para o militar em missão é, sem dúvida, uma experiência impagável.

O ensinamento adquirido durante a realização do curso chileno é de suma importância para melhorar os conhecimentos empregados em nossos cursos, uma vez que a VBCCC Leopard 2A4 possui uma tecnologia de ultima geração que pode contribuir sobremaneira para o futuro aprimoramento da doutrina blindada no Brasil.

É recomendado que os militares que sejam designados para um curso no CECOMBAC tenham experiência em carros de combate e conheçam a doutrina blindada para que isso minimize as dificuldades que lá serão encontradas.

 

 

AÇO, BOINA PRETA, BRASIL!

Márcio Ribeiro Dos Reis – 1º Sgt Cav
Monitor da SIB do 1º RCC
Carlos Alexandre Geovanini dos Santos – Ten Cel
Comandante do CI Bld
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