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ARTILHARIA NAS BRIGADAS DE INFANTARIA MECANIZADAS

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              Dentro do processo de transformação do Exército, surgiu em 2010 a intenção da implantação da Infantaria Mecanizada visando atender à necessidade de possuir uma força média, com uma relativa proteção blindada procurando se adaptar às exigências do combate moderno.
              Segundo a Base Doutrinária Experimental existente, a Infantaria Mecanizada possui duas missões precípuas, quais sejam: cerrar sobre o inimigo para destruí-lo, neutralizá-lo ou capturá-lo utilizando o fogo, a manobra e o combate aproximado; e manter o terreno, impedindo, resistindo e repelindo o assalto inimigo por meio do fogo, do combate aproximado e de contraataques.
              Para cumprir tais missões essa GU (Grande Unidade) deverá ser 100% móvel, sendo capaz de se deslocar estratégica e taticamente, com suas viaturas orgânicas sobre rodas e com os meios postos à sua disposição. Algumas possibilidades da Inf Mec (Infantaria Mecanizada) que deverão ser levadas em consideração para se determinar qual o material de Artilharia compatível com essa Brigada são: realizar ações que exijam alta mobilidade tática, relativa potência de fogo, proteção blindada e ação de choque realizando operações de grande amplitude.
              Sendo assim, pode-se levantar algumas condições técnicas imprescindíveis para os meios de Ap F (Apoio de Fogo) desta Brigada. Traduzindo as possibilidades e características da Inf Mec para as capacidades técnicas da Artilharia observamos que o Ap F deve ser capaz de possuir uma grande mobilidade, compatível com a tropa apoiada e não deve possuir um peso excessivo, haja vista que deve ser capaz de transpor pontes e trafegar nas mesmas vias de acesso dos demais meios orgânicos da Bda (Brigada).
              Desta forma, observa-se que o material sobre rodas pode atender as necessidades de Ap F da Bda Inf Mec. No que se refere ao meio de tracionamento, o autorebocado (AR) ou autopropulsado (AP) atende a essas necessidades, entretanto o material AP possui maior velocidade de entrada e saída de posição, se expondo menos aos fogos de contrabateria.
              Pode-se verificar também que, os Exércitos em todo o mundo começaram a apostar nas plataformas sobre rodas há algum tempo.
              O Maj Gen Virgill Packet, comandante da Força de Estabilização da OTAN na Bósnia, comentou em um artigo em 2004 que: “A necessidade de blindados mais leves, ágeis, com menor silhueta e consumo, em condições de serem rapidamente mobilizados, por navio, aeronave, trem ou mesmo rodando em estradas, de uma parte a outra de vastos territórios, tem levado importantes exércitos no mundo a incrementar o emprego de blindados sobre rodas.”
              O Exército Britânico, por exemplo, reestruturouse para realizar operações expedicionárias, como no Iraque e no Afeganistão, adquirindo significativo número de viaturas blindadas sobre rodas, próprias para aquela área operacional e tipo de operação. Iniciou ainda processo de reorganização de suas brigadas, padronizando-as, facilitando assim a substituição no TO, no caso de operações prolongadas.
              A Rússia desenvolveu o primeiro obuseiro sobre rodas em 2013. Segundo o Ministério da Defesa, as novas máquinas deverão ser entregues, em primeiro lugar, às brigadas de assalto aéreo e às brigadas leves de montanha, onde se exige mobilidade e alta velocidade durante a circulação pelas estradas.
              No que concerne ao alcance e setor de tiro horizontal observa-se que a Infantaria Mecanizada deve ter condições de realizar ações de grande amplitude o que condiciona igualmente o emprego da Artilharia.
              Primeiramente, no tocante ao setor de tiro horizontal percebe-se que devido a amplitude da frente da Bda Inf Mec ser maior é importante também que a Artilharia possua um campo de tiro horizontal o mais amplo possível. Isso permitirá o apoio em toda a frente da mesma posição de tiro, diminuindo o tempo de espera da tropa apoiada. Ainda com relação a esse tema, um material com menor amplitude de setor de tiro demandaria um adestramento maior da tropa para um eficiente Ap F, visto que seriam necessárias mais posições de tiro para prestar o apoio em toda a frente.
              Já quanto à profundidade, constata-se no cenário internacional que os exércitos do 1º mundo adotam materiais com alcances mínimos acima dos 20km. Conclui-se dessa maneira que o alcance da Artilharia em apoio a essa Bda com tais características estaria compatível com o que existe atualmente. Acrescenta-se ainda que, o aprofundamento é uma das classificações dos fogos em seus aspectos táticos. Tal característica também conduz a necessidade de compatibilidade de material com outros exércitos nos dias de hoje, dado que, com um alcance limitado a Artilharia da Bda Inf Mec seria incapaz de aprofundar o combate.
              Nesse sentido, o calibre mais adequado para proporcionar o Ap F a essa Bda é o médio, ou seja, de 120 mm a 160 mm que é o atualmente padronizado pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para apoio às Brigadas médias e pesadas, devido à maior possibilidade de emassamento de fogos, à maior profundidade e à capacidade de utilização das munições especiais existentes.
              Analisadas todas as características e possibilidades da Bda Inf Mec e aquelas que deverão ser parte da Artilharia de sua Bda, observemos o que existe atualmente no cenário internacional.
     
Nomenclatura: G-6 Rhino
Origem: África do Sul
Peso pronto para o combate: 47 Ton
Calibre: 155mm
Alcance: 30km
Guarnição: 6 militares
AUTOPROPULSADO
 
Nomenclatura: Archer 155 mm
Origem: Suécia
Peso pronto para o combate:
33,5 Ton
Calibre: 155mm
Alcance: 30km
Guarnição: 4 militares
AUTOPROPULSADO 
 
 Nomenclatura: CAESAR (Camion Équipé d’un Système d’Artillerie)
Origem: França
Peso pronto para o combate: 18 Ton
Calibre: 155mm
Alcance: 40km
Guarnição: 6 militares
AUTOPROPULSADO
 
Nomenclatura: ATMOS 2000
Origem: Israel
Peso pronto para o combate: 22
Ton
Calibre: 155mm
Alcance: 30km
Guarnição: 4 militares
AUTOPROPULSADO 
 
 Nomenclatura: M 777A2
Origem: EUA
Peso pronto para o combate:
3,420kg
Calibre: 155mm
Alcance: 25km
Guarnição: 8 militares
AUTOREBOCADO
 
            Pode-se constatar, portanto, que a Artilharia que dotará as Brigadas de Infantaria Mecanizadas deverá possuir grande flexibilidade, alta mobilidade, capacidade de pronta resposta, longo alcance, precisão e letalidade seletiva, a fim de ser capaz de apoiar pelo fogo a manobra da Força apoiada, cumprindo seu papel nos campos de batalha e continuando a ser decisiva para o êxito da operação.

AÇO, BOINA PRETA, BRASIL!


Eduardo Caldeira de Faria Rodrigues – Cap
Instrutor do CI Bld
Ádamo Luiz Colombo da Silveira – Cel
Comandante do Centro de Instrução de Blindados


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