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A formação e adestramento no Centro de Combate Blindado do Chile

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A formação e adestramento no Centro de Combate Blindado do Chile

 

Figura 1: Centro de Combate Blindado do Chile
Fonte: O autor
 

O Exército Chileno, assim como o Exército Brasileiro, possui um Centro de Instrução de Blindados, chamado Centro de Entrenamiento de Combate Acorazado (CECOMBAC). Este centro tem como missão a formação, capacitação e o adestramento de militares e unidades que integram as Brigadas Blindadas do Exército Chileno, por intermédio de um processo rigoroso, realista e relevante, baseado em situações táticas e técnicas, segundo padrões institucionais em um ambiente operacional atualizado.

Dentre as atribuições do CECOMBAC, as principais são: apoiar o adestramento e certificar o pessoal e as unidades da Força Blindada e Mecanizada que ordene o Comando de Operações Terrestres do Chile (COTer), até o nível FT U; executar os processos de capacitação que sejam requeridos, de acordo com a necessidade de conhecimento existente na FT U, pelo COTer e DIPRIDE (Direção de Projetos do Exército); apoiar a capacitação dos quadros pertencentes à Força Blindada e Mecanizada, conforme às previsões do Plano Educativo Integral do Exército; e comportar-se como Autoridade Funcional dos sub-centros (homólogos às Seções de Instrução de Blindados) das 1ª, 5ª e 6ª DE.

CECOMBAC possui a seguinte organização: base administrativa (Diretor, Subdiretor, Estado-Maior, Seções e Secretaria de Estudos); Batalhão de Aplicação e Força Opositora (BATAFO); o Batalhão de Simulação (BTN SIM) e Companhia de Apoio Logístico. O Centro foi criado em 09 de novembro de 2007, com sede na cidade de Iquique, localizada no extremo norte do Chile. Durante os anos de 2008 e 2009 foi desenvolvido o Projeto Fortaleza, com o objetivo de capacitar 132 guarnições da VBCCC LEOPARD 2 A4.

O CECOMBAC organiza seus processos e divide o ano de instrução de forma a adequar-se aos períodos de instrução e adestramento do exército orientados às brigadas Acorazadas, que são os seguintes:

 

Período de Especialização Técnica

Este período é realizado normalmente durante os meses de janeiro a abril, quando as brigadas blindadas capacitam o pessoal recém-chegado, ou os seus integrantes antigos em novas competências. Durante esse período todos os militares que integram as Unidades de Combate das Bda Acorazadas, que não possuam a especialização técnica requerida para desempenhar sua função e vão utilizar algum Sistema de Armas (VBCCC LEOPARD 2 A4, VBCI MARDER 1 A3, VBC OAP M 109 A5 CL, etc.), passam por cursos de capacitação realizados no CECOMBAC.

 

Figura 2: Torre de Simulação de Procedimentos da VBCCC Leopard 2A4 durante Curso Avançado de Tiro.
Fonte: O autor
 
 

Período de Adestramento de Combate

Neste período é realizada uma certificação prévia do período anterior e são designadas para as Unidades as Tarefas Essenciais da Missão (TEM), que são tarefas coletivas as quais determinam as competências que deve alcançar uma Unidade durante seu adestramento, em função dos padrões que exigem o cumprimento.

Para atender a esse período de adestramento das unidades de manobra das três brigadas blindadas do norte, o CECOMBAC executa outros dois grandes processos anuais, o PROCESSO ASSISTÊNCIA AO ADESTRAMENTO, que consta em disponibilizar simuladores e instalações do CECOMBAC para o treinamentos das Brigadas durante os meses de maio a agosto; e o PROCESSO AVALIAÇÃO FORMAL EXTERNA (CERTIFICAÇÃO), que consta de uma avaliação técnica das Brigadas em simuladores, realizadas no CECOMBAC e, posteriormente, em exercícios no terreno. Essa atividade ocorre entre os meses de setembro a dezembro.

 

Figura 3: Instrução de assistência ao adestramento
Fonte: O autor
 

Um aspecto observado durante a capacitação é o desenvolvimento no aluno da mentalidade que, após a conclusão do curso com aproveitamento, ele deve estar sempre buscando adestrar-se no que lhe foi ensinado, pois vai passar por frequentes verificações do conhecimento adquirido. Este aspecto é desenvolvido através das constantes avaliações realizadas no curso e o registro dos resultados obtidos em uma caderneta individual que é remetida à 3ª Seção das respectivas unidades e utilizadas nos processos de Assistência ao Adestramento e Certificação. Essa caderneta serve para controlar o desempenho dos militares nos diversos processos anuais de adestramento e a frequência de participação nos mesmos, seja em exercícios de simulação ou real.

Cabe aqui ressaltar a grande ênfase destinada aos resultados da realização dos exercícios de tiro simulado ou real, pois essa é considerada uma das principais competências a ser adquirida e avaliada constantemente, e não somente a avaliação da operação dos diversos equipamentos e armamentos que compõem os sistemas de armas.

Outro fator a ser considerado é a avaliação de habilidades básicas pela qual todo militar é exigido anualmente. Tratam-se de pistas de testes militares que fazem parte da manutenção dos padrões individuais, as quais constam de: marcha de 10Km com equipamento individual, tiro de fuzil em 100m, arremesso de granada e orientação individual.

 

Figura 4: Pesagem de equipamento individual durante adestramento do combatente blindado.
Fonte: O autor
 

No 2º quadrimestre (maio a agosto) são realizados paralelamente dois processos, o de ASSISTÊNCIA AO ADESTRAMENTO e o de ASSISTÊNCIA À DOCÊNCIA, sendo o primeiro em benefício das Brigadas Acorazadas e o segundo em benefício das escolas matrizes. Apesar de ocorrerem paralelamente, os efetivos que passam pelo centro nesse período são menores que durante a capacitação, o que faz com que um processo não chegue a interferir negativamente no desempenho do outro.

Durante o processo de ASSISTÊNCIA AO ADESTRAMENTO, é destinado cerca de 1 mês para cada Brigada Blindada enviar suas FT SU Bld para preparar-se para o período de certificação, realizando uma autoavaliação com o apoio do CECOMBAC, o que acarreta na presença de 01 FT SU Bld por semana no centro, facilitando o desenvolvimento das diversas atividades.

 

Figura 5: Preparação da VBCCC Leopard 2 A4 para o tiro
Fonte: O autor
 

Ou seja, além do adestramento propriamente dito e da preparação da unidade para o processo de certificação, esta assistência faz com que alguns integrantes da unidade, que estão em funções mais administrativas e que tem dificuldade de adestrar-se na própria unidade, permaneçam pelo menos cerca de 5 dias totalmente dedicados ao adestramento. Ainda, foi observado que os simuladores de alguns dos Sub-centros (Seção de Instrução de Blindados) das Bda Acorazadas se encontravam por um longo período indisponíveis, o que torna a assistência ao adestramento realizada no CECOMBAC imprescindível para essas unidades.

 

Figura 6: Deslocamento de VBCCC Leo 2 A4 no deserto
Fonte: O autor
 

Um aspecto importante a ser ressaltado nesse período de assistências é a destinação do mês de agosto para preparação do CECOMBAC para o período de certificação, reciclagem ou aperfeiçoamento do quadro de instrutores com a realização de cursos internos, e passagem da responsabilidade de instrutores das disciplinas dos diversos cursos para o próximo ano de instrução.

No 3º quadrimestre (setembro a dezembro) é realizado o processo de AVALIAÇÃO FORMAL EXTERNA (CERTIFICAÇÃO). Durante esse período são certificadas apenas 2 FT SU Bld de cada brigada, as quais são escolhidas pelo COTer. O processo completo de certificação de cada Bda dura cerca de 3 meses e meio, passando por 3 reuniões prévias à certificação propriamente dita, para coordenações gerais. A certificação de cada FT SU Bld é realizada no período de 6 dias, com a realização de avaliações teóricas, avaliações práticas com os diversos equipamentos e armamentos, avaliação nos simuladores, exercício no terreno e tiro das armas coletivas e individuais.

Finalmente, pretendeu-se mostrar a certificação da tropa blindada no exército do Chile por intermédio de seu Centro de Combate Blindado como forma de conhecimento sobre as ferramentas de ensino e adestramento empregadas pelo país amigo. Além disso, cabe uma reflexão no tocante à formação, adestramento e certificação realizadas no referido centro em comparação ao realizado atualmente pelo Exército Brasileiro, com a finalidade de aprimorar procedimentos e avaliar a capacidade operacional do combatente blindado de ambos os países.

 

AÇO, BOINA PRETA, BRASIL!

Alceu Lopes de Menezes Junior - Cap Cav
Chefe da 4ª Seção do CI Bld
Carlos Alexandre Geovanini dos Santos – Ten Cel
Comandante do CI Bld
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