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A possibilidade de emprego de uma Bateria dotada de VBCOAP M109 A5+BR no nível Seção

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A possibilidade de emprego de uma Bateria dotada de VBCOAP M109 A5+BR no nível Seção

 

Figura 1: VBCOAP M 109 em operação
 

A Artilharia de Campanha tem como missão principal apoiar a força pelo fogo. Considerando os aspectos táticos, ela realiza fogos de apoio aos elementos de manobra, fogos de contrabateria e fogos de aprofundamento do combate como medidas para cumprir sua tarefa.

Na execução do apoio de fogo, em qualquer situação, a artilharia deve proporcionar volume e potência de fogo nos locais e nos momentos necessários ao combate. Para seu funcionamento vale-se da execução e da integração de seus subsistemas: linha de fogo, topografia, central de tiro, observação, meteorologia, busca de alvos e comunicações.

Nessa integração, o subsistema linha de fogo (LF) é composto pelos meios de lançamento dos projéteis de artilharia. Sendo assim, é o elemento responsável por agir diretamente no inimigo e produzir os efeitos buscados por todo o sistema.

Visando facilitar o emprego de seus meios na coordenação com os elementos de manobra, a artilharia organiza-se em diferentes níveis de comando que são conhecidos como escalões de artilharia. Dentre eles encontra-se a Bateria de Obuses (BO) que é o menor escalão de emprego como Unidade de Tiro (UT) no Grupo de Artilharia de Campanha (GAC).

Atualmente, a impossibilidade de fracionamento da BO se faz necessária para que o GAC possa cumprir seus princípios fundamentais de emprego, que são a ação de massa e a centralização. Os comandantes buscam constantemente a concentração de seus meios para facilitar o controle, o comando e a direção de tiro. Quanto mais reunidos estiverem os meios das UT maior será o emassamento dos fogos.

A BO é dotada do material e do pessoal necessário para a condução e execução do tiro, no entanto suas possibilidades de emprego são limitadas. Para o emassamento dos fogos e rapidez no apoio de fogo a execução da pontaria da LF deve ser feita de forma centralizada, sendo inviável a divisão dos obuses em seções.

Para o tiro das Viaturas Blindadas de Combate Obuseiro Autopropulsado M108 e M109 A3 o comandante da linha de fogo deve realizar a pontaria de suas peças através do goniômetro bússola, o qual estará localizado em um ponto de coordenadas previamente levantadas pela turma de topografia. Da mesma forma, as viaturas devem se dispor ao redor de outro ponto de coordenadas conhecidas para que seja possível a pontaria e os cálculos da central de tiro. Todos os procedimentos são realizados através dos instrumentos ópticos de forma manual, os comandos são dados à voz, a referência da pontaria é feita nas balizas ou no colimador e os cálculos de tiro são feitos pela central de tiro de forma manual e separada. Todo o processo de pontaria para deixar a LF em condições de tiro leva em torno de dez minutos em uma tropa bem adestrada.

Com a aquisição da VBCOAP M109 A5+BR a BO blindada ganha maiores possibilidades de emprego. Sua grande carga tecnológica possibilita a viatura parar e atirar com grande precisão, permite a realização de operações de atirar-fugir e acrescenta maior agilidade na concentração de fogos mesmo que de posições diferentes.

 

Figura 2: Linha de fogo de um BO dotada de M109 A3 apontada de forma centralizada.
 

O novo veículo é dotado de GPS de navegação inercial que faz o levantamento digital das posições, rádio Falcon III que tem a capacidade de transmissão de dados, sistema de pontaria digital, sistema de controle de armas que realiza o controle dos tiros, das munições e os cálculos de tiro de forma automática. Tais implementos permitem comunicações digitais, locação da posição de forma automática, entrada em posição mais rápida, acompanhamento da trajetória do tiro e maior capacidade de sobrevivência para a guarnição.

Para o tiro de uma VBCOAP M109 A5+BR o chefe de peça (CP) pode se deslocar para posição de tiro de forma isolada, a qual foi enviada pelo S3 do GAC de forma digitalizada, através do rádio, para o sistema de controle de armas da viatura. Quando dentro da área de posição, os cálculos de tiro são realizados automaticamente bem como os dados de pontaria, fatos que possibilitam a entrada em posição no tempo de dois a três minutos. O controle dos tiros, da munição e o registro das missões de tiro são feitos de forma automática pelos sistemas.

Dessa forma torna-se possível o emprego da BO de forma descentralizada inclusive com peças isoladas, porém, por questões logísticas e de capacidade de sobrevivência das peças, o menor nível de emprego que o exército americano utiliza com o M109 A6 Palladin é a seção.

Com essas novas capacidades, os instrumentos ópticos e o sistema de pontaria manual só serão necessários caso a viatura esteja operando em modo degradado.

 

Figura 3: Linha de fogo de uma BO de M109 A6 disposta de forma descentralizada em posição de tiro no Afeganistão.
Fonte:Bae Systems®
 

Se analisarmos as capacidades de emprego de uma BO dotada de viaturas M108 e M109 A3 em relação as de uma dotada de M109 A5+BR, veremos o crescimento da capacidade operacional e a automatização dos principais sistemas necessários à pontaria e ao tiro. A grande quantidade de tecnologia embarcada permite um processo de pontaria mais rápido e preciso, além de agilidade na concentração de fogos mesmo com as UT dispersas. Dessa forma, os princípios fundamentais de emprego da artilharia continuam sendo cumpridos, porém de forma mais eficiente, descentralizada e segura.

Para auxiliar a missão da artilharia na implementação do referido Produto de Defesa, o CI Bld vem se preparando para atualizar os cursos de operação e de manutenção, inserindo as viaturas M109 A5, M109 A5+BR e M992 A2 e retirando a plataforma M108. Tais medidas irão proporcionar maior qualidade na utilização do meio adquirido pelo Exército e maior durabilidade e perpetuação do conhecimento no âmbito da artilharia autopropulsada.

AÇO, BOINA PRETA, BRASIL!

Augusto Ravanello Duque - 1º Ten
Instrutor do CI Bld
Carlos Alexandre Geovanini dos Santos - Ten Cel
Comandante do CI Bld
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