O backbrief no planejamento tático de pequenos escalões
O backbrief no planejamento tático de pequenos escalões
O planejamento tático dos pequenos escalões – Subunidade (SU), Pelotão (Pel) e Grupo de Combate (GC) - tem como fundamento doutrinário, no Exército Brasileiro (EB), o Manual de Ensino de Trabalho de Comando, EB60-ME-13.301. Esse manual teve sua primeira edição no ano de 2018 e veio como um produto do Manual do Processo de Planejamento e Condução de Tropas, EB20-MC-10.211.
As fases do planejamento estabelecidas na Manual de Trabalho de Comando são: Providencias iniciais; Observação e planejamento do reconhecimento; Reconhecimento; Estudo detalhado; Montagem da linha de ação e jogo da guerra; Decisão; Emissão da ordem; Fiscalização; e Avaliação continuada (POREMDEFA). As frações de níveis mais inferiores devem adaptar as etapas para facilitar e otimizar o estudo tático até a chegada da decisão.
Dentro da fase da Fiscalização, o manual estabelece o Retorno dos Planos - REPLAN ou backbrief - como forma do comandante (Cmt) intervir de maneira oportuna no planejamento dos elementos subordinados. Essa prática gera um resultado muito positivo no trabalho de comando. Com a revisão dos planejamentos, o Cmt pode reforçar o propósito e sua própria intenção na missão, dessa forma, orientando e sincronizando as ações das suas frações.
Entretanto, o manual não define um momento exato para que essa prática seja realizada. É fundamental que o backbrief ocorra antes da finalização do processo do trabalho de comando. Com essa medida, o tempo é otimizado e eventuais mudanças na linha de ação levantada não compromete o planejamento do escalão subordinado.
Esse Retorno do Plano é uma ferramenta recém incorporada no planejamento tático do EB, surgiu através do manual de Trabalho de Comando, de 2018. Todavia, outros exércitos, como dos Estados Unidos da América e da República da França, já utilizam o backbrief para que o escalão considerado possa fiscalizar o planejamento das frações subordinadas.
No Exército Francês (EF), durante o planejamento tático do comandante de SU, o backbrief é realizado após a emissão de uma ordem de operações do comando de uma Unidade (U). O Cmt SU realiza o trabalho de comando seguindo uma metodologia francesa, o MEDOT. O planejamento também é baseado nos fatores da decisão, como no EB. Após o estudo detalhado, o Cmt SU realiza uma reunião com os elementos especialistas em apoio à SU – Cmt Pel de Engenharia, Cavalaria, Observadores de Artilharia, caçadores, entre outros. Com esse assessoramento especializado, ele define sua manobra.
Após isso, o Estado-Maior da Unidade se reúne com os Cmt SU para a realização do backbrief. Nesse momento, cada Cmt SU tem dez minutos para explicar a execução da sua manobra e definir como a SU contribuirá no cumprimento da missão da Unidade. O Cmt SU aborda os seguintes itens durante sua explanação, com os respectivos tempos de exposição: Organograma (1’); Missão, tarefas e propósito (1’30”); Análise do Terreno (1’); Análise do Inimigo (1’30”); Manobra (3’); logística (1’); e Conclusão/ necessidades da SU (1’).
Os itens são explanados pelo Cmt SU de forma sucinta, na ordem cronológica e sinalizando as sincronizações a serem realizadas. A ênfase é dada nas medidas de coordenação e controle a serem realizadas com as frações vizinhas, na coordenação e condução dos fogos e na descrição do inimigo a ser combatido pela SU.
Em seguida, o Cmt U, o Oficial de Operações, de Inteligência, de Logística, de Ligação com a Artilharia e demais apoios à U, fazem considerações na manobra da SU. Essas intervenções ajudam no planejamento e na visualização da manobra das outras SU gerando uma conscientização situacional e o levantamento de medidas complementares a serem adotadas. Dessa forma, o backbrief auxilia na sincronização da manobra da Unidade.
Os Cmt de pequenas frações do EB podem utilizar o backbrief para melhorar o processo do trabalho de comando e fiscalizar de forma mais profícua o planejamento das frações subordinadas. A sequência do que será explanado e o tempo de exposição não foram estabelecidos no Manual de Trabalho de Comando. Dessa forma, o Cmt da fração tem uma flexibilidade para definir o que vai solicitar às frações subordinadas, de acordo com o tipo de missão a ser cumprida. O exemplo do EF, citado acima, pode servir como modelo inicial ou básico a ser estabelecido pelo Cmt ou oficial de operações.
Por fim, a execução do backbrief é uma ferramenta de fiscalização que o Cmt de qualquer escalão pode utilizar para melhorar o planejamento tático. Com essa medida, o trabalho de comando é otimizado e as frações subordinadas podem expor sua manobra de maneira rápida e eficaz aumentando a sincronização da operação.
Rafael Soares Cristofari – Cap
Instrutor do CI Bld
Carlos Alexandre Geovanini dos Santos - Ten Cel
Comandante do CI Bld