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Apoio de Fogo de Aviação em proveito das Tropas Blindadas e Mecanizadas: uma nova tarefa da Aviação do Exército

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Apoio de Fogo de Aviação em proveito das Tropas Blindadas e Mecanizadas: uma nova tarefa da Aviação do Exército

 

 

Figura 1: Helicóptero Fennec realizando tiro de foguete 70mm.
Fonte: www.avibras.com.br
 

A Aviação do Exército (Av Ex), através de suas esquadrilhas de helicópteros (Esqda He), proporciona aeromobilidade ao Exército Brasileiro, possibilitando a atuação na terceira dimensão do combate, ou seja, utilizando o espaço aéreo em prol da manobra de superfície. O uso da aeromobilidade pode multiplicar o poder de combate da Força Terrestre, seja atuando no combate, apoio ao combate ou apoio logístico. Uma das formas que a Av Ex pode ser empregada é através das ações de suas Esquadrilhas de Helicópteros de Reconhecimento e Ataque (Esqda He Rec Atq), responsáveis por executar diversas tarefas de AvEx.

 

Figura 2: Cabine de pilotagem do Fennec.
Fonte: http://tecnodefesa.com.br
 

A reformulação dos manuais de campanha Aviação do Exército nas Operações e O Batalhão de Aviação do Exército, que tem ocorrido, respectivamente, em 2018 e 2019, contemplou o incremento das possibilidades de emprego dos meios aéreos do Exército, em consonância com a aquisição de novos equipamentos e a modernização das aeronaves.

O Apoio de Fogo de Aviação é uma tarefa recentemente incorporada às capacidades da AvEx. Consiste em uma ação tática que visa à aplicação do poder de fogo das aeronaves sobre alvos solicitados pela força de superfície (F Spf). Os alvos designados pelas frações em solo poderão estar em grande proximidade com a mesma, o que exigirá um treinamento específico desses militares, para que esta condução seja realizada de forma segura, evitando-se o risco de fratricídio.

Diferenciando o Apoio de Fogo de Aviação do Ataque Aeromóvel

Para que se facilite o entendimento de como podem ser aplicados os fogos aéreos realizados pela Esqda He Rec Atq, cabe fazer a diferenciação entre o Apoio de Fogo de Aviação e o Ataque Aeromóvel.

O Ataque Aeromóvel já compunha o rol de tarefas da AvEx, e consiste no emprego de fogos aéreos realizado em benefício da F Spf, porém em alvos compensadores afastados em profundidade dos meios de manobra de superfície. Nesse tipo de operação não ocorre a interação entre as frações de helicópteros e as tropas em solo, não havendo comunicação entre pilotos e militares em terra.

Com a incorporação do Apoio de Fogo de Aviação como uma das capacidades de emprego dos helicópteros de ataque, passa a ser possível a solicitação de fogo aéreo pela tropa de superfície, podendo este apoio ser previamente planejado, ou mesmo inopinado. São exemplos de aplicação da tarefa de Apoio de Fogo de Aviação cumprir missões de base de fogos na manobra tática de superfície ou atuar sobre um inimigo que interfere na missão da tropa em terra, e que esteja inacessível por meios terrestres.

 

Figura 3: Militar em solo realizando coordenação com aeronave.
Fonte: https://Feadaily.com
 

Apoio de Fogo de Aviação do Exército e as diferenças para o Apoio Aéreo Aproximado da Força Aérea

O Apoio de Fogo de Aviação (do Exército) diferencia-se do Apoio Aéreo Aproximado (executado pela Força Aérea) pela responsabilidade e comando da ação, e pelo grau de especialização do militar solicitante em solo. Enquanto que o Apoio de Fogo de Aviação prevê que a responsabilidade e o comando da missão permaneçam com o piloto, no Apoio Aéreo Aproximado eles são transferidos para o Guia Aéreo Avançado (GAA), o que demanda um grau de especialização bastante distinto entre os solicitantes.

Na solicitação de um Apoio de Fogo de Aviação, observa-se uma previsão de reduzida carga de trabalho ao elemento de superfície que faz a solicitação. Dessa forma, pode-se prever que militares das próprias frações de combate, instruídos nos procedimentos pertinentes e habilitados para tal conduzam os fogos aéreos. Não se necessita, assim, o emprego de um militar de fora da fração e que seja especializado unicamente para este tipo de tarefa. A habilitação técnica de militares para executarem a solicitação de fogos poderá se assemelhar às instruções de Condução de Fogos de Artilharia por Combatente de Qualquer Arma, já consagradas no Exército. Essas instruções poderão ser previstas para um grande número de militares, possibilitando, assim, que a Condução de Fogos de Aviação por Combatente de Qualquer Arma seja uma capacidade incorporada em grande escala também às frações blindadas e mecanizadas do EB. Elementos dos pelotões de exploradores das Unidades Blindadas, ou ainda, o grupo de exploradores dos Pelotões de Cavalaria Mecanizados são exemplos de frações naturalmente vocacionadas para este tipo de tarefa, cabendo incorporar esta habilitação aos seus respectivos programas padrão de instrução.

No caso do Apoio Aéreo Aproximado, existe a previsão de fornecimento do Guia Aéreo Avançado (GAA) da Força Aérea às frações do Exército, porém em número bastante limitado. Esse especialista possui conhecimentos aprofundados sobre o guiamento de diversos vetores aéreos, inclusive perfis de voo e efeito dos armamentos, e é capacitado a conduzir os fogos aerotáticos das aeronaves da Força Aérea, tendo ainda a responsabilidade e o comando das missões solicitadas.

A dinâmica do Apoio Aéreo Aproximado não atende, contudo, a realidade das operações da Força Terrestre. Devido à ampla distribuição de tropas no terreno, torna-se impraticável que essas sejam mobiliadas, em sua maioria, com especialistas GAA, o que impede que sejam atendidas as variadas possibilidades de aplicação dos fogos aéreos em proveito da manobra de superfície. A fim de se evitar um gargalo limitador do emprego dos meios aéreos orgânicos do próprio Exército, faz-se a diferenciação nos procedimentos de execução dos fogos aéreos do Exército e da Força Aérea.

Integração: o imperativo do combate moderno.

O Apoio de Fogo de Aviação realizado pelos helicópteros de ataque do Exército Brasileiro passa a preencher uma lacuna de integração que havia no emprego de vetores de combate aéreos e de superfície da Força Terrestre. O emprego de helicópteros em estreita coordenação com viaturas blindadas ou mecanizadas pode amplificar decisivamente o poder de combate no campo de batalha. A clássica balança entre a proteção blindada e a mobilidade tática encontra na aplicação conjunta dos esforços, o lastro ideal para equilibrar esta equação, resultando em máxima flexibilidade também aos comandantes dos pequenos escalões. Coerente com o fomento às práticas de integração no combate, o Apoio de Fogo de Aviação permite que aeronaves e forças de superfície participem em conjunto de uma mesma missão, o que promove resultados mais eficientes e palpáveis do que a mera sobreposição de ações táticas sem vínculo direto entre os seus atores.

 

Figura 4: FT Aviação Tropa Blindada
Fonte: https://hdwall.us
 

Forças Tarefa mistas: a integração nos pequenos escalões

A possibilidade da formação de Forças Tarefa mistas, com elementos de AvEx e tropa de superfície, resultou da inserção das novas capacidades no rol de tarefas cumpridas pela Aviação do Exército, a exemplo do Apoio de Fogo de Aviação. Com a previsão doutrinária de realização dessa tarefa, amplificam-se as possibilidades de emprego conjunto, podendo, a partir daí, serem articuladas FT com elementos de AvEx também para os escalões Unidade e Subunidade (U e SU). Um Comandante de FT U Bld que receba na composição dos seus meios um Pelotão ou uma Subunidade de Helicópteros, passa a poder contar com as capacidades aéreas já a partir do seu planejamento inicial, podendo moldar sua manobra também pelas capacidades aéreas de que dispõe. As seguintes ações são exemplos do que um Comandante de FT Unidade Bld ou Mec poderá prever para empregar meios aéreos em sua zona de ação, atendendo aos respectivos princípios da Guerra:

- Reconhecimento Aeromóvel em conjunto com os Pelotões C Mec ou de Exploradores, visando agilizar a busca do contato com o inimigo; (OFENSIVA)

- Vigilância aeromóvel, fazendo uso de optrônicos de longo alcance, para vigiar à frente da zona de ação da FT, em sequência a um Reconhecimento Aeromóvel, ou ainda em zonas de ação de difícil observação na superfície; (SEGURANÇA)

- Ataque Aeromóvel em alvos em profundidade que interfiram na manobra de superfície ou ainda quando no Aproveitamento do Êxito e na Perseguição; (OFENSIVA e SURPRESA)

- Apoio de Fogo de Aviação, cumprindo a missão de base de fogos em determinada zona de ação ou ainda efetuando apoio de fogo a pedido para desaferramento de elementos em contato. (MASSA e SEGURANÇA)

Deve-se destacar, contudo, que os meios aéreos se configuram como elementos de alto valor estratégico, e seu emprego se vê limitado em quantidade, principalmente pela especificidade logística e alto custo. Assim, o seu emprego não centralizado no alto escalão, e sua disponibilização ao pequeno escalão, mesmo que temporariamente, deverão estar coerentes com o esforço principal no Teatro de Operações, configurando-se, assim, como uma composição eventual e que dificilmente ocorrerá em grande escala.

O emprego de meios aéreos de combate pelo Exército Brasileiro, através de sua Aviação do Exército, tem passado por modernizações e atualizações, havendo, com isso, a incorporação de novas capacidades em seu rol de tarefas. O Apoio de Fogo de Aviação e a formação de Forças Tarefa mistas com elementos aéreos e de superfície são exemplos de possibilidades recém-incorporadas. Essas novas alternativas de emprego dos meios aéreos passam a ser ferramentas altamente flexíveis no contexto das manobras de superfície, e podem amplificar decisivamente o poder de combate da Força Terrestre nos campos de batalha.

 
Figura 5: Helicóptero Fennec realizando disparo de míssil.
Fonte: http://tecnodefesa.com.br
 
AÇO, BOINA PRETA, BRASIL!

Awire Espindola Buchaul – Maj
Instrutor do CI Bld
Carlos Alexandre Geovanini dos Santos - Cel
Comandante do CI Bld
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