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INTERCÂMBIO DE COOPERAÇÃO EM DEFESA BRASIL/ÍNDIA

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Introdução

No contexto do Diálogo de Indústria de Defesa (DID) Brasil-Índia, conduzido pelo Ministério da Defesa, no período de 8 a 11 de maio de 2023, houve uma reunião no EPEx no dia 10 de maio pela manhã, com representantes do MD e de empresas indianas, oportunidade em que foram tratados assuntos de interesse dos Programas Estratégicos do Exército.

Fruto disso, deu-se uma viagem de intercâmbio multidisciplinar de cooperação entre Brasil e Índia. Chefiada pelo Chefe do EPEx, General de Brigada Rocha Lima, ela ocorreu entre 15 e 25 de março de 2024, naquele país asiático, como veremos a seguir.

 

Atividades desenvolvidas

Na cidade de Bengaluru, a 18 de março, visitou-se a empresa Bharat Eletronic Limited (BEL), fabricante de produtos de defesa nas áreas de radares, mísseis, cibernética, monitoramento de fronteiras e comunicações. Também conheceu-se a empresa TATA, especializada na fabricação de diversos armamentos, sensores, sistemas de Comando e Controle, optrônicos e blindados.

No dia seguinte, foi-se a Hyderabad, em visita à empresa Bharat Dynamics Limited (BDL), fabricante do sistema de artilharia antiaérea de média altura AKASH. Na ocasião, foi feita uma apresentação detalhada do sistema, bem como o levantamento das possibilidades de integração com os sensores em desenvolvimento na indústria nacional brasileira.

A seguir, visitou-se a empresa Armoured Vehicles Nigam Limited (AVNL), responsável pela produção em série de diversos produtos de Defesa, dentre os quais se destacam a Viatura Blindada de Combate de Fuzileiros (VBC Fuz) BMP-2 e o Carro de Combate (VBC CC) Arjun, bem como materiais de emprego militar para artilharia de campanha. No final do dia, ocorreu uma reunião com a empresa Advanced Weapons and Equipment India Limited (AWEIL), que apresentou suas capacidades na fabricação de munição de artilharia de vários calibres, obuseiros, morteiros, canhões antiaéreos e fuzis.

Figura 1: parte da comitiva na fábrica da TATA
Fonte: arquivo pessoal do autor
 

Já na cidade de Pune, em 20 de março, a comitiva visitou as instalações da empresa BHARAT FORGE, uma multinacional do Grupo KALYANI. A empresa é especializada na produção de diversos sistemas e materiais de emprego militar, tais como obuseiros, veículos blindados, drones e munições. Ainda em Pune, ocorreu a visita à empresa LARSEN & TOUBRO, fabricante de sistemas de artilharia de campanha, canhões antiaéreos, equipamentos de comunicações, blindados, veículos lançadores de pontes, sistemas anti-drone e alvos aéreos para treinamento do tiro de artilharia antiaérea.

Figura 2: BMP-2, de origem russa, modernizado pela Índia
Fonte: arquivo pessoal do autor
 

 

Viaturas Blindadas

Durante a visita à empresa TATA Advanced Systems (TASL), foi apresentada uma possibilidade de upgrade para carros de combate. A empresa realizou a modernização da frota indiana de VBCCC T-72 e poderia fazer uso dessa expertise para modernizar a frota brasileira de Leopard 1A5 BR. Porém, é válido afirmar que essa experiência vem de um veículo russo, de diferente matiz do Leopard, de fabricação alemã, que segue padrões da OTAN.

Em visita à Armoured Vehicles Nigam Limited (AVNL), foi apresentada a fábrica da onde é produzida inteiramente, sob licença, o BMP-2, com tecnologia inteiramente indiana. O produto final é uma versão totalmente modernizada, com canhão de 30 mm, estabilização do sistema d’armas, optrônicos, sistema de acompanhamento de alvos.

Foi apresentado o conceito de produção de uma família de blindados sobre lagartas que, aparentemente, está no escopo do modelo procurado pelo Exército Brasileiro. Foi apresentado o desenho de uma VBCCC e uma VBC Fuz produzidas sobre uma mesma plataforma (chassi), variando com relação à torre e ao sistema d’armas. Esse carro de combate apresentaria blindagem frontal STANAG 6, sua torre seria armada de um canhão 105 mm, que poderia ser o Royal Ordnance L7 (utilizado no Leopard 1A5), segundo os desenvolvedores, sendo apenas uma questão de adaptação da torre.

Já a VBC Fuz seria capaz de transportar 8 militares no compartimento da tropa, sendo “expansível” para até 10, dependendo da demanda. Além disso, teria blindagem mais leve (STANAG 4 na frente e 3 nas laterias e traseira), o que lhe proporcionaria capacidade anfíbia.

 

Artilharia de Campanha

No que diz respeito à Artilharia de Campanha, a Base Industrial de Defesa da Índia mostrou-se bastante diversificada, inclusive com produção de diferentes materiais por diferentes companhias, mas com características operacionais similares.

Foram apresentados 12 (doze) sistemas de armas diferentes, com capacidade fabril de munição, além de radares de busca de alvos. As principais características dos sistemas apresentados são as seguintes:

1) Lançador Múltiplo de Foguetes Pinaka – multicalibre, produzido pela L&T e também pela TATA, de tração 8x8 e, operacionalmente, está aquém do Sistema Astros.

2) Obuseiro 155 mm AP SL K9 VAJRA – produzido pela L&T e baseado no K9, sul-coreano, tem funcionalidades similares à família M 109.

3) Obuseiro 155 mm AP SR TMH52H8 MGS – a TATA produz um obuseiro autopropulsado sobre rodas 8x8, denominado MGS (Mounted Gun System).

4) Obuseiro 155 AP SR MARG 155 – é um autopropulsado sobre rodas, 4x4, da Bharat Forge.

5) Obuseiro 155 mm AR TRAJAN – produzido pela L&T, seu tubo e seu sistema de pontaria é o mesmo do obuseiro francês CAESAR. Isso decorre da parceria entre a L&T e a Nexter.

6) Obuseiro 155 mm AR DHANUSH – produzido pela companhia estatal AWACS.

7) Obuseiro 155 mm AR ATAGS – seu nome é a abreviatura de Advanced Towed Artillery Gun System (Sistema Avançado de Artilharia Autorrebocada). Nos testes com munição assistida, seu alcance atingiu 48 km. Tem, ainda, a capacidade de poder ser também autopropulsado, com um motor que permite pequenos deslocamentos em até 18 km/h.

8) Obuseiro 155 AR BHARAT – conta com motor de propulsão auxiliar.

9) Obuseiro 155 AR BHARAT ULTRA LEVE – de peso reduzido, sua tecnologia é própria e similar ao M 777 norte americano; sua versão sem motor de propulsão auxiliar pesa apenas 6,8 toneladas.

10) Obuseiro 105 mm AR Light Field Gun – produzido pela AWACS, é uma versão similar ao obuseiro 105 mm L118, em operação no Exército Brasileiro.

11) Obuseiro 105 mm AP SL MGS – montado em um chassi de viatura 6x6, deu sobrevida aos antigos obuseiros de 105 mm autorrebocados em operação no Exército Indiano.

Figura 3: obuseiro 155 Mounted Gun System, da TATA
Fonte: arquivo pessoal do autor
 

12) Obuseiro 105 mm AP SL GARUDA – similar ao Ob L118, em operação no Exército Brasileiro, montado sobre o chassi de uma viatura leve 4x4. Incorpora os sistemas de navegação e de controle de tiro, mostrando-se bastante versátil; foi desenvolvido para operar em regiões de difícil acesso.

Além dos sistemas acima, foram identificados diversos upgrades, como o do obuseiro 155 mm AR SHARANG, realizado pela AWACS nos obuseiros 130 mm AR, substituindo o tubo por um modelo de 155 mm e 45 calibres. A empresa BEL apresentou, ainda, uma família de radares terrestres para emprego em contrabateria.

 

Artilharia Antiaérea de Média Altura

As empresas BDL e BEL apresentaram o sistema AKASH, de tecnologia integralmente indiana. É um sistema de mísseis superfície-ar para proteção de pontos e áreas vulneráveis, sendo configurado em plataformas móveis. O alcance de seu sistema de armas é de 4,5 a 25 Km e pode operar em altitudes que variam de 100 m até 20 Km. O míssil não possui seeker, o que obriga a utilização do radar MGR (busca e tiro) para guiamento até o alvo. Para realizar a defesa de uma área de 10.000 metros quadrados são necessárias 4 (quatro) lançadoras.

Esse sistema é capaz de engajar até 4 (quatro) alvos simultaneamente, em velocidades que variam de 60 até 700 m/s. A empresa informou que a probabilidade de acerto com um único disparo (SSKP) é de 88%. Possui o modo IFF configurável. É composto por: 1 radar de vigilância (3D SR), 1 centro de controle (CC), 1 radar de guiamento de mísseis (MGR), 4 viaturas lançadoras (ML), 1 viatura remuniciadora e 1 viatura de manutenção.

O sistema, segundo a empresa, pode utilizar o radar SABER M200 Vigilante em substituição ao radar 3D SR, mas não pode utilizar o radar SABER M200 Multimissão para guiamento dos mísseis, pois os mesmos não possuem seeker, sendo imprescindível o uso do radar próprio MGR.

Figura 4 e 5: Advanced Towed Artillery Gun System, do consórcio TATA - Bharat Forge, 155 mm AR (esq.) e LMF 8x8 Pinaka (dir.)
Fonte: arquivo pessoal do autor
 
Figura 6: sistema de AAAe de Média Altura Akash
Fonte: Bharat Dynamics Limited
 

CONCLUSÃO

A viagem de intercâmbio multidisciplinar de cooperação entre Brasil e Índia destacou diversas oportunidades de colaboração entre as indústrias de defesa dos dois países. As visitas a empresas indianas como Bharat Electronics Limited (BEL), TATA, Bharat Dynamics Limited (BDL), Armoured Vehicles Nigam Limited (AVNL), e Advanced Weapons and Equipment India Limited (AWEIL) permitiram uma análise detalhada de produtos e soluções tecnológicas avançadas que podem ser integradas aos programas estratégicos do Exército Brasileiro.

A viagem de intercâmbio multidisciplinar de cooperação entre Brasil e Índia destacou diversas oportunidades de colaboração entre as indústrias de defesa dos dois países. As visitas a empresas indianas como Bharat Electronics Limited (BEL), TATA, Bharat Dynamics Limited (BDL), Armoured Vehicles Nigam Limited (AVNL), e Advanced Weapons and Equipment India Limited (AWEIL) permitiram uma análise detalhada de produtos e soluções tecnológicas avançadas que podem ser integradas aos programas estratégicos do Exército Brasileiro.

Os sistemas de artilharia, veículos blindados e equipamentos de defesa apresentados, como a modernização dos veículos T-72 e o desenvolvimento de novas plataformas como o BMP-2, mostraram o potencial para modernizar e ampliar a capacidade operacional das Forças Armadas brasileiras. A produção de obuseiros e sistemas de artilharia autorrebocada e autopropulsada evidenciou a diversificação e a capacidade fabril da indústria de defesa indiana, proporcionando alternativas viáveis para a cooperação tecnológica.

O sistema de artilharia antiaérea de média altura AKASH, com sua tecnologia avançada e capacidade de engajamento múltiplo, destacou-se como uma solução eficaz para a defesa aérea. A possibilidade de integração de radares brasileiros, como o SABER M200 Vigilante, com os sistemas indianos, reforça o potencial de uma parceria tecnológica benéfica para ambos os países.

Este intercâmbio representa um passo importante para o progresso no setor de defesa brasileiro, permitindo a incorporação de tecnologias indianas aos programas estratégicos do Exército e fortalecendo a capacidade de defesa do Brasil.

 

REFERÊNCIA

BRASIL. Exército Brasileiro. Estado-Maior do Exército. Escritório de Projetos do Exércitos. Relatório de Viagem de Intercâmbio Multidisciplinar de Cooperação na Área de Produtos de Defesa entre Brasil e Índia. Brasília, 8 abr. 2024.

 

Aço, boina preta, brasil!

 

MAICON SOUZA OVIEDO - cap inf

Instrutor do CI Bld

 
 

MÁRCIO FACCIN DE ALENCAR - cel Art R1

Assessor do EPEx

 
 

ALEXANDRE CHECHELISKI - cel cav

Comandante do CI Bld

 

 

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