Dispositivo Explosivo Improvisado
O Dispositivo Explosivo Improvisado (Improvised Explosive Device - IED) é um arma extremamente perigosa e eficaz, que os Exércitos que estão em conflito atualmente enfrentam. Na maioria das vezes sua construção é rudimentar, barata, relativamente fácil de produzir e oferecem ao operador uma menor exposição ao risco de lutar com as forças militarmente mais fortes. São utilizados com o intuito de destruir, incapacitar, distrair e/ou estudar as técnicas, táticas e procedimentos(TTP) de combate do inimigo.
Os dispositivos explosivos podem ser construídos a partir de uma infinidade de materiais, como projéteis, produtos tóxicos químicos ou biológicos, material radiológico, granadas de artilharia e outras munições militares. Podem variar em tamanho, desde uma carta a um grande veículo, e seu grau de sofisticação varia de acordo com a criatividade, ferramentas e materiais disponíveis pelo agressor.
O IED torna-se uma eficaz arma a ser utilizada pelas tropas não regulares nos combates modernos (Guerra Assimétrica). Ela é geralmente empregada pela parte que se encontra em desvantagem de poder de combate em relação ao seu oponente, deixando de atuar no Teatro de Operações convencional, vindo a agir furtivamente nas áreas urbanas, locais estes, que não são mantidos nem ocupados, pois as forças beligerantes ficam dissimuladas junto a população civil, com o intuito de explorar as fraquezas do oponente e impedindo-os de empregar seu poderio bélico. Faz-se então extremamente necessário conhecer e identificar os IED, pois são eles que causam os maiores números de baixas nos atuais conflitos.
Existe uma grande variedade de IED e diversos métodos podem ser utilizados para o seu acionamento. O objetivo da construção dos IED é causar baixas nas tropas, danos variados, destruir veículos e instalações. Por mais que variem amplamente em tamanho, possuem um grupo comum de componentes, que consistem na carga principal, fonte de energia, carga iniciadora, recipiente e um método de iniciação. Os quais são abordados a seguir:
1. carga principal: é utilizado todo e qualquer material explosivo disponível como pólvora, nitrato de amônia (adubo), óleo combustível (ANFO) trinitrotolueno (TNT), nitroglicerina, ácido sulfúrico (concentrado), tanques de propano, etc. Também são usados outros materiais para reforçar a carga, tais como esferas metálicas, parafusos, porcas etc. Além, é claro, das munições militares que podem serem usadas como granadas de artilharia, munições de 120 mm ou superiores e minas terrestres anticarros;
2. fonte de energia: tem por objetivo armazenar e/ou liberar energia elétrica ou mecânica para acionar a carga iniciadora. A fonte de energia mais comum encontrada nos IED são baterias que podem variar desde pequenas pilhas, baterias 9 volts, baterias de telefones celulares, de carros e caminhões, podendo até estar ligada a fonte de energia de uma residência ou estabelecimento comercial. Da mesma forma, em um IED não elétrico a energia mecânica de uma mola recuada pode atuar na carga iniciadora;
3. carga iniciadora: é utilizada para acionar a carga principal, normalmente são espoletas elétricas ou pirotécnicas, as quais são muito sensíveis. No entanto, insurgentes e terroristas podem vir a construir iniciadores improvisados;
4. recipiente: os IED podem variar de tamanho e forma, desta maneira pode-se encontrar uma grande variedade de recipientes como latas de refrigerante, carcaças de animais, sacos plásticos, cones de sinalização, restos de eletrodomésticos, coletes ou mochilas para homens-bomba. Sendo que além de ser usados para esconder o IED, normalmente ajudam na fragmentação;
5. métodos de iniciação: para entender melhor como são iniciados os IED subdividem-se em iniciação por comando, temporizadores e iniciados pelas vítimas:
5.1 iniciação por comando: é um método de emprego que permite ao inimigo escolher o momento ideal de iniciação. Ele é normalmente usado contra alvos que estão em trânsito ou onde um padrão de rotina foi estabelecido. Os tipos mais comuns são com fios e rádios controlados:
5.1.1 comando a fio: é um circuito elétrico ligado por um fio entre o interruptor e a carga explosiva. Oferece vantagens já que é simples e é invulnerável às contras medidas eletrônicas (inibidores de frequências - Electronic Jammer). Contudo, o longo fio pode ser difícil de colocar e pode levar à detecção do operador;
5.1.2 rádio controlado: pode ser usado qualquer fonte que transmita um sinal de rádio frequência, como um alarme de carro, abridores de portas de garagem, controladores de brinquedos, campainha ou telefones sem fio, os quais são adaptados para funcionar como um acionador, permitindo ao inimigo acioná-lo a uma distância segura.
5.2 temporizadores: são projetados para funcionar após um atraso predefinido, permitindo ao inimigo fugir ou atacar forças militares que criaram um padrão de suas ações. Há temporizadores por ignição química, mecânica ou eletrônica;
5.3 ação da vítima: é um meio de atacar uma pessoa isolada ou até mesmo um grupo. Existem vários tipos de dispositivos de iniciação, que incluem tração, liberação, pressão, descompressão, detecção por infravermelhos passivos ou ativos entre outros. Também é comum encontrar IED por ação da vítima como armadilhas em outros IED instalados, chamados de IED secundários.
É relevante distinguir os IED quanto ao seu emprego e uso como estáticos, móveis, projetados ou falsos:
1. estáticos: podem ser dispostos em diversos espaços, como em cestos de lixos, caixas, pneus e ainda dentro ou sob um veículo ou instalações;
2. móveis: podem ser montados em qualquer tipo de veículo, bicicletas, carros, caminhões, aeroplanos ou barcos. O uso de veículos permite a fácil dissimulação e acumulação de grandes cargas de explosivos;
3. projetados: São usados frequentemente em instalações fortemente protegidas, que por outra forma seriam muito difíceis de atingir;
4. falsos: são usados para perturbar a ordem pública e tentar afetar a imagem do poder do Estado ou da força militar em ação. Também são usadas para aprendizagem das técnicas de combates contra IED. Os falsos IED são como um IED real, mas sem carga ou um dispositivo iniciador totalmente operacional.
Dado o exposto quanto a variedade e métodos de iniciação de IED, que têm como objetivo a identificação dos dispositivos explosivos improvisados, faz-se necessário, em virtude dos atuais conflitos, que haja uma ampliação dos estudos e pesquisas cuja área tropas brasileiras devem estar preparadas para quando se depararem com esta arma altamente destrutível.
ORGULHO DE SER SARGENTO !
AÇO, BOINA PRETA, BRASIL!
Alisson Rafael Fogliarini Lisbôa– 2º Sgt
Monitor do CI Bld
Varlei Edemundo Batista da Silva – S Ten
Adjunto de Comando do CI Bld
Aprovado pelo Cel Ádamo Luiz Colombo da Silveira
Cmt CI Bld
Referências CALL. Handbook 05-23: Counter IED TTP Handbook. Kansas: Center for Army Lessons Learned, 2005.
CAVALCANTE, Vinícius Domingues. Riscos do terrorismo com bombas no Brasil, 23. Artigo científico, Universidade Federal de Juiz de Fora, 2003.
DE VASCONCELOS, Hélder E.T.G. Técnicas, tácticas e procedimentos em resposta aos engenhos explosivos improvisados. Tese, Academia Militar de Lisboa, 2010.
JOINT. Joint Publication 3-15.1, Counter-Improvised Explosive Device Operations. Fort Belvoir, 2012.
MARINE CORPS TRAINING COMMAND. Improvised Explosive Devices (IED) B3l4118 Student Handout. Virginia.
registrado em:
Torreta do Adjunto